terça-feira, 22 de maio de 2012

Dom do Entendimento

                             Pintura do Presbitério da Catedral de Barretos-SP

Neste segundo dia do Setenário em preparação para a Solenidade de Pentecostes, meditamos o dom do Entendimento. Na Sagrada Escritura percebemos a solicitude com que Deus guia o seu povo em seus caminhos. No deserto, Deus guia através de seu servo Moisés. “Dá-me a conhecer os teus caminhos” (Ex 33,13). Com esta oração, Moisés pede a Deus a graça da revelação de seus caminhos e de seus projetos para o futuro de seu povo eleito. Em outro trecho bíblico, o grande rei Davi suplicava em seu salmo: “Dá-me entendimento, para que guarde a Tua lei e a cumpra de todo coração”. (Sl 119,34).
Na revelação salvífica do Evangelho, Jesus promete a vinda do Espírito revelador da Verdade, o qual amparará a Igreja em sua missão após a sua partida para o céu. “Quando Ele vier, o Espírito da Verdade há de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há de vos dar a conhecer tudo quanto ouvir e anunciar-vos o que há de vir”. (Jô 16,13). A Igreja, apoiada nos ensinamentos de Jesus Cristo, afirma que “com o envio do Espírito da Verdade, Deus completa perfeitamente a revelação e confirma com o seu testemunho divino que verdadeiramente está conosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e nos ressuscitar para a vida eterna”. (Dei Verbum nº. 4). Somente após o envio do Paráclito que os apóstolos deram conta da dimensão dos ensinamentos de Jesus e conseguiram encontrar sentido em suas palavras.
O grande papa da Igreja Paulo VI em sua exortação apostólica Evangelii Nuntiandi faz uma bela afirmação sobre o Espírito Santo: “Ele é a alma da Igreja. É ele quem explica aos fiéis o sentido profundo dos ensinamentos de Jesus e de seus mistérios”. (nº. 75). Para a profissão da fé, é necessário o auxílio da graça do Espírito Santo, a qual alivia e torna fecundo o coração humano endurecido pelo pecado; faz abrir os olhos da alma para a maravilha da promessa de Deus e torna o homem capaz de assimilar por completo a revelação dos planos de Deus.
A Inteligência humana por si só não é capaz de assimilar por completo os desígnios de Deus, seus planos e vontades. O Espírito Santo com a infusão de seus dons proporciona ao crente um amparo perante a insuficiência dos sentidos humanos e abre o caminho para uma conversão sincera e humilde do coração. O Dom do Entendimento, podemos assim inferir, proporciona ao cristão um conhecimento profundo da misteriosa revelação de Deus e torna o homem capaz de assimilá-los por completo.
Santa Teresa de Ávila proporciona a seguinte reflexão sobre o Dom do Entendimento: “Como alguém que sem ter aprendido, nem trabalhado nada para saber ler e nem sequer tivesse estudado nada, achasse que sabia toda a ciência, sem saber como, nem donde lhe tinha vindo, pois nunca tinha trabalhado, nem sequer para aprender o alfabeto. Esta última compreensão ensina algo sobre este dom celestial, porque a alma vê num momento o mistério da Santíssima Trindade e outras coisas muito elevadas com tal claridade, que não há teólogo com quem não se atrevesse a discutir estas verdades tão grandes”. (Vida, 27,8-9).
O dom do Entendimento é um dom precioso. Tira-nos da ignorância do pecado e rompe com as barreiras de nossa iniquidade e nossa miséria. Cabe a nós como filhos prediletos que somos pedir ao Pai celeste que nos envie os dons de seu santo Espírito para que assim possamos entender todo o seu projeto de salvação e o que particularmente ele nos tem a dizer.
A resposta aos dons enviados pelo Espírito Santo proporciona uma trilha de santidade. Tal afirmação nos é garantida pela alocução do Beato João XXIII: “cada um dos santos é uma obra-prima do Espírito Santo”. Essa proposta também deve ser a nossa proposta particular. Amparados pelos dons e carismas do Espírito Santo, busquemos constantemente a santidade. 
Seminarista Lucas Alerson de Souza

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