quarta-feira, 23 de maio de 2012

Dom da Ciência

                                              Pintura do Presbitério da Catedral de Barretos-SP

Hoje, meditaremos o dom da Ciência. Através deste dom nos é concedido conhecer o verdadeiro valor das criaturas em relação ao seu Criador. O dom da Ciência permite ao homem perceber e sentir, através da natureza e dos acontecimentos do dia-a-dia a presença e a linguagem de Deus.

Quem o possui consegue louvar a Deus, olhando para as belezas da natureza. Através da natureza, a alma lê e louva o seu Deus, agradecendo-lhe enquanto observa uma linda flor. Em vez de ficar fixo apenas na beleza da flor, louva o autor da criação, louva o Criador.

É pela Ciência que o Espírito Santo nos ajuda a compreender a criação de Deus em sua totalidade, reconhecendo o papel e o valor de cada parte dessa obra divina. Assim, conseguimos reconhecer a grandiosidade das coisas que Deus realizou, mas acima de tudo, reconhecemos que Deus é maior que todas as suas obras. Observando o mundo com o dom da Ciência, somos capazes de dar o devido valor às coisas materiais, mas sempre subordinadas ao valor absoluto de Deus.

Nós sabemos que o homem moderno, justamente por causa do desenvolvimento das ciências, é exposto particularmente à tentação em dar uma interpretação naturalista ao mundo. Diante da diversidade e da grandeza das coisas e de suas complexidade, ele corre o risco do absolutismo e quase a divinização, a ponto de os tornarem propósitos supremos de suas vidas. Isto acontece especialmente quando se trata de riquezas, prazer e de poder, os quais realmente podem ser obtidas das coisas materiais. Estes são os principais ídolos diante dos quais o mundo muito freqüentemente se prostra.

A fim de resistir a tais sutis tentações e curar as conseqüências perniciosas para as quais elas podem nos conduzir, o Espírito Santo socorre as pessoas com o dom da Ciência. É este o dom que nos ajuda a estimar as coisas corretamente. Graças a isto, S. Tomas escreve: “Que o homem não estime as criaturas mais que elas merecem e não coloque nelas o propósito de sua vida, mas em Deus.”

Iluminado pelo dom da Ciência, o homem descobre ao mesmo tempo a distância infinita que separa as coisas do Criador, sua limitação, o perigo que elas podem apresentar, quando, pelo pecado, ele faz uso impróprio delas. É uma descoberta que o conduz a perceber com remorso a sua miséria e o impele voltar com maior impulso e confiança a ele que só pode satisfazer a necessidade do infinito que completamente o assalta.

O dom da ciência, embora não defina a natureza e as proprie­dades físicas ou químicas de cada criatura, faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus, vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador .

Esse dom leva o homem a compreender, de um lado, o vestígio de Deus que há em cada ser criado, e, de outro lado, a insuficiência de cada qual.
O dom da ciência ensina também a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações. Se não fosse o dom da Ciência, muitos e muitos homens não sairiam de sua estatura anã e mesquinha, nunca atingiriam a plenitude do seu desenvolvimento espiritual.

Seminarista Plínio A. S. Almeida

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