segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Iniciamos o ano da Fé


Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)


Sua Santidade, o Papa Bento XVI, inaugurou no último dia 11 de outubro, o “Ano da Fé”. O evento comemora as celebrações em torno da abertura do Concílio Vaticano II, acontecimento eclesial de maior importância do século XX. O principal objetivo do Ano da Fé é promover a nova evangelização, ajudando todos os homens e mulheres a redescobrirem a alegria de crer mesmo diante da desertificação espiritual do mundo e seus efeitos nefastos na vida do ser humano. Na homilia de abertura, Bento XVI fez referência à cegueira do homem moderno, que por vezes perdeu a visão da fé e precisa reencontrá-la na pessoa de Jesus. Bartimeu é um exemplo de alguém que perdeu a visão e queria reencontrá-la. Alguém que havia perdido a luz. Contudo, guardava dentro de si a esperança de poder ver de novo. Essa possibilidade foi real em Jesus Cristo. Ele é a luz do mundo e só Ele tem poder de recobrar a visão, devolvendo ao homem a capacidade de ver de novo.

A partir daí, o Papa apresenta os passos necessários a serem dados: reconhecer-se cegos, necessitados da cura, da ajuda de Jesus; recorrer a Ele a partir de uma orientação segura e firme da vida e, a partir de uma nova evangelização, deixar que Jesus nos abra os olhos e nos devolva ao caminho.

“Na fé ecoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo, mas que só pode ser acolhida no nosso hoje, que não torna a repetir-se. Por isso, julgo que a coisa mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a presente, seja reavivar em toda a Igreja aquela tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo”, afirmou o Papa.

O Papa lembra-nos da necessidade de reavivar na Igreja o entusiasmo contagiante em anunciar a Cristo e diz que para tal é necessário estar apoiados numa base sólida e precisa, e esta se encontra nos documentos do Concílio Vaticano II, onde ele esclarece: "A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança”.

O Papa ainda lembra que a proposta do Ano da Fé ao lembrar a abertura do Concílio é por necessidade de aprofundar e viver a fé, ainda mais do que há cinquenta anos. É perceptível nestas últimas décadas o rápido crescimento de uma espécie de "desertificação espiritual", que pode trazer nefastas consequencias ao homem. Contudo, o Papa recorda que é neste vazio, e, a partir dele, que se pode redescobrir a alegria de crer, sua importância vital para a humanidade e a possibilidade de um profundo encontro com a graça de Deus que liberta a todos e ao mundo inteiro de um pessimismo destruidor.

A experiência do deserto na tradição cristã é muito rica. Basta lembrar a vitória de Cristo diante das tentações, a vitória do povo de Deus escravo no Egito rumo a Terra Prometida, e os primeiros séculos do cristianismo, quando muitos abandonavam a vida das cidades e iam para o deserto para estarem a sós com Deus, revitalizando suas vidas e redescobrindo aquilo, ou melhor, Aquele que os fazia viver. A sabedoria dos Padres do deserto é fonte de sabedoria até hoje para os nossos dias.

Ao concluir sua homilia sobre o Ano da Fé, na Santa Missa de sua abertura, o Papa ainda ressaltou que o Ano da Fé é uma maneira de se experimentar "uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas – como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão – mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos".


O Ano da Fé deve fazer resplandecer em toda a Igreja a realeza de Cristo, seu amor especial por todos os homens e mulheres, sobretudo pelos mais pobres e enfraquecidos. Deve ser uma oportunidade de reavivar a fé e o dinamismo evangelizador de todo o corpo místico da Igreja, onde somos chamados a contagiar o mundo com a força da fé e da caridade a ela inerente.

O Papa destacou ainda três grandes pastorais que devem nortear este Ano da Fé: os Sacramentos da Iniciação Cristã, a missão ad gentes e a evangelização dos batizados que não vivem as exigências de sua fé. Diz ele: “A Igreja procura lançar mão de novos métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às diversas culturas do mundo, para implementar um diálogo que se fundamenta em Deus, que é Amor". Lembra que Bartimeu fez a experiência do encontro com Jesus Cristo, e tornou-se, assim, discípulo do Mestre, e comparou Bartimeu com os novos evangelizadores de nosso tempo: “são os novos evangelizadores: pessoas que fizeram a experiência de ser curadas por Deus, através de Jesus Cristo”. Eles têm como característica a alegria do coração, que diz com o Salmista: O Senhor fez por nós grandes coisas; por isso, exultamos de alegria!

Que o Ano da Fé seja a possibilidade de nos reencontrarmos com Jesus Cristo e assim podermos ver e redescobrir as maravilhas que Ele opera no caminho da história humana. Muitos já se santificaram n’Ele e muitos outros devem ainda fazê-lo.

Estejamos atentos aos sinais e a tudo aquilo que Ele nos quiser indicar. Vale a pena ouvir sua voz, reconhecer sua presença e deixar-se tocar por Ele.

Fonte: Site da CNBB

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Curso de Bioética Pastoral

Está acontecendo nesta semana, em Juiz de Fora, o Curso de Atualização Teológico-Pastoral do clero da Província Eclesiástica de Juiz de Fora, cujo o tema abordado foi: Bioética Pastoral. As palestras estão sendo proferidas pelo Revmo. Pe. Alberto Germán Bochatey OSA. PhD, membro da Academia Pontifícia para a Vida, da Academia Alfonsiana em Roma, Mestre em Bioética pela Universidade Católica Sacro Cuore de Roma e Instituto Giovanni Paolo II, da Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma e Presidente do Instituto para o Matrimônio e a Família, da Universidade Católica da Argentina. Participam deste curso o clero da Arquidiocese de Juiz de Fora, os seminaristas da Diocese de São João del Rei e alguns padres e seminaristas da diocese de Leopoldina. Deu-se início no dia 13 de agosto, segunda-feira, no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, à tarde com a oração das vésperas e terminará na próxima quinta-feira, com o almoço. As palestras são de cunho formativo e informativo sobre alguns temas que giram em torno da bioética, como, técnicas de fertilização e aborto, eutanásia e morte, fundamentos da bioética e etc.
Tivemos, no primeiro dia, segunda-feira, a presença do Senhor Bispo Diocesano de São João del Rei, Dom Célio, e do Pe. Dirceu, nosso vigário Geral, no início dos trabalhos, onde participaram de palestras e concelebram a Santa Missa presidida pelo senhor Arcebispo, Dom Gil.
Os Seminaristas do Seminário São Tiago, da casa de formação de Juiz de Fora, estão participando ativamente das palestras e organizaram a liturgia do segundo dia de encontros.
Seminarista Elissandro José Campos de Carvalho

50 anos do Seminário em Juiz de Fora

No ano do Jubileu Áureo da criação do Seminário “São Tiago”,
damos graças a Deus e a Virgem Maria, pelos inumeráveis benefícios concedidos a esta casa e a todos os seus integrantes.
Glória à Santíssima Trindade
e louvor a Maria e a nosso padroeiro São Tiago!


Meus estimados amigos, dentro das celebrações dos 50 anos do nosso Seminário, no dia 07 de agosto, na casa de formação de Juiz de Fora ocorreu mais uma celebração, neste mês dedicado às vocações.

Esteve presente toda família do Seminário Diocesano São Tiago: seminaristas de todas as casas de formação (comunidade vocacional, propedêutico, filosofia e teologia), Seminaristas da Arquidiocese de Juiz de Fora e seminaristas da Diocese de Leopoldina, funcionários e padres membros da equipe de formadores.

A comemoração teve início com a Solene Celebração Eucarística presidida pelo Exmº. e Revmo Sr. Bispo Diocesano, Dom Célio de Oliveira Goulart, e concelebrada pelos Revmos. Srs. presbíteros Álisson André Sacramento (Reitor do Seminário na casa de formação em São João del Rei), Antônio Carlos Trindade (Reitor do Seminário na casa de formação em Juiz de Fora), Dirceu de Oliveira Medeiros, Odair José de Carvalho, Jésus Cristiano Arantes,  Monsenhor José Hugo de R. Maia, Admilson Heitor de Paiva, Clécio Ferreira de Alencar, Marcos Alexandre Pereira, Fernando Salomão Resende, Rogério Antônio Zanola, Éder Sebastião dos Santos e padres convidados de Leopoldina e Juiz de Fora, como cerimoniário estava o Revmo. Sr. Pe. Geraldo Magela da Silva. Em sua homilia, Dom Célio recordou a história do Seminário e agradeceu aos paroquianos da paróquia de Nossa Senhora da Cabeça por acolherem tão bem os seminaristas do curso de teologia durante esses 22 anos, foi mencionado também que ao longo desse tempo, 27 sacerdotes de nossa Igreja particular passaram por aquele lugar. Ao final da homilia o Bispo, pediu que o Monsenhor José Hugo apresentasse o trabalho que realizou junto a OVS desde a fundação do Seminário.

No final da Santa Missa, houve o descerramento da placa comemorativa a efeméride celebração dos 50 anos do Seminário Diocesano São Tiago. Esta placa foi afixada à entrada da matriz e se torna marco de agradecimento da Igreja particular de São João del-Rei a todos os paroquianos. Depois da missa as festividades continuaram na casa de Teologia com apetitosos salgados e doces.

“Rendemos, pois, graças a Deus e a Virgem Maria, pelos inumeráveis benefícios concedidos a esta casa e a todos os seus integrantes durante estes 50 anos de existência”.

Seminarista Plínio A. S. Almeida

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Terceiro Encontro Vocacional de 2012

 Muitas vezes, fazemos os seguintes questionamentos: “Quem sou eu? Qual a minha função neste mundo?” Dentre muitas outras indagações que, por vezes, acabam complicando ainda mais a reflexão de quem se propõe a pensar tais coisas.
Para muitas pessoas, estamos neste mundo para sermos vitoriosos, isto é, conquistar tudo o que almejamos, enriquecermos, ter filhos ou não, já que atualmente, “menos filhos, melhor!” – enfim, serem vencedoras. Para outras pessoas o importante é ser feliz, sem estarem sujeitos a opinião de tudo e de todos, o importante é o amor! Outras pessoas ainda querem construir o céu na terra, o que dispensa maiores comentários.
No meio de toda esta desordem, nos desviamos do real significado dos questionamentos, que na realidade, sintetizam uma única pergunta: “Qual é de fato a minha vocação?” Pronto! Mas o que é vocação? É inconcebível tratar todo o assunto neste texto, então, façamos uma breve análise do que seja a vocação/chamado.
Se pesquisarmos o dicionário, a primeira acepção de vocação que encontramos é “ato ou efeito de chamar”, sendo que chamado não passa de um “ato de pronunciar o nome de alguém, para pedir aproximação ou verificar a presença”. Mas como agregar isso a uma vida cristã?
Desde antes de nosso nascimento, Deus, com amor incomensurável já nos criou e nos quis (cf. Jr. 1, 5), para que com Ele tivéssemos uma vida plena. Assim, convocou-nos primeiramente a viver. Deus nos chama para que sejamos mais próximos Dele, para que estejamos presentes na reunião eterna de seus filhos n’Ele com Ele e por Ele. Contudo, tal como somos solicitados a algum compromisso, no qual devemos eleger o meio mais próprio para sermos precisos, há meios de que, não nos afastando do destino último, alcancemos Àquele que nos chamou.
Caros jovens, eis o chamado: “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo, pra sermos santo e irrepreensíveis, diante de seus olhos”.(Efésios1,3-4)
É extremamente importante que busquemos a escuta e a disponibilidade a aquilo que somos convocados, para que seja feito o que melhor aprouver o Altíssimo, buscando por meio da vocação sacerdotal a maior honra e glória Dele.
Meus amigos, é com essa intenção que 09 jovens, provenientes das diversas paróquias de nossa Igreja Particular participaram entre os dias 03, 04 e 05 deste mês de agosto do terceiro Encontro Vocacional. Foram dias intensos que possibilitaram a cada jovem vocacionado uma descoberta de seu modo pessoal de ser e um encontro com Deus, mediatizado pelo encontro com os outros vocacionados, seminaristas, o reitor e a psicóloga.
Como já vem acontecendo desde o primeiro Encontro deste ano, o vocacionado pôde refletir um tema proposto para ajudar a assumir com coragem e responsabilidade uma autêntica liberdade que auxilie a perscrutar o melhor caminho de sua vocação. O tema escolhido para este Encontro foi: “Chamados a ser livres para amar”.
Na sexta-feira, dia 03, o Encontro teve início com a oração de boas vindas e uma dinâmica que levou os jovens a se entrosarem mais. Em seguida, houve a participação da psicóloga Ivânia, que faz seu trabalho junto aos seminaristas e refletiram sobre a liberdade.

No sábado pela manhã, os jovens puderam refletir através dos passos de Pe. Giussani (fundador do Movimento Comunhão e Libertação) sobre “a importância de uma intensidade de vida que nasce do encontro com Cristo. Para o amadurecimento de uma experiência cristã, dentro da comunidade eclesial”. Essa palestra foi conduzida pelo psicólogo Denner, que deu seu testemunho de vida e estimulou aos vocacionados nessa reflexão.

Após as atividades do período da tarde, os seminaristas e vocacionados participaram de uma Hora Santa pelas vocações na paróquia da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, logo após, houve a Celebração Eucarística e a rasoura em honra ao patrono dos sacerdotes – São João Maria Vianney. À noite sucedeu uma sessão de filme que concluiu este dia.

Na manhã do domingo ocorreu um momento de oração, palestra ligada a temática do encontro e mais uma outra palestra relacionada ao discernimento com o psicólogo Mário Lúcio, colaborador do nosso Seminário. O dia culminou com a Celebração Eucarística na qual encerrou este terceiro Encontro Vocacional.

Peçamos e buscamos sempre a graça divina, a fim de que tudo que ousamos fazer, seja para maior honra e glória de Nosso Senhor e, via de consequência, alcancemos ainda mais vocações para o ministério sacerdotal nesta Igreja particular de São João del-Rei.

Seminarista Plínio A. S. Almeida

sábado, 28 de julho de 2012

Festa do Patrono São Tiago


O Seminário São Tiago completa esse ano uma gloriosa trajetória de 50 anos. Durante esse tempo ele tem exercido um papel de transcendental importância, sendo o lugar de formação de homens que buscam acima de tudo, a força irresistível do Evangelho de Cristo e a capacidade de anúncio, que os fazem autênticos “portadores de Cristo”. O Seminário formou um clero eloquente, de grande capacidade de trabalho, de espiritualidade e que foi ornado por Deus com muitas virtudes, grandes qualidades e vários carismas.
Vale salientar ainda a humanitária e evangélica atuação do Seminário São Tiago em meio século, no qual se nota o fulgor de uma atuação que visou sempre a uma formação autêntica de ministros do Evangelho a serviço da libertação do povo desta Igreja particular.
Atualmente duas casas de formação compõem o Seminário, a casa de Propedêutico-Filosofia na cidade de São João del-Rei e a casa de Teologia na cidade de Juiz de Fora. É de extrema importância uma sólida formação nessas duas áreas, pois “há uma legitimidade e uma riqueza muito grande no discurso da filosofia. Mas a revelação cristã nos descortina um horizonte novo e vasto, profundamente consolador e belo. Sem desprezar ou dispensar os outros discursos e sem a pretensão de esgotar o saber sobre o ser humano, a teologia se debruça sobre a revelação cristã e contempla o que somos à luz de Jesus Cristo”.
Para celebrar essa história, realizou-se no dia 25 de julho, quarta-feira, na casa de formação de Propedêutico – Filosofia a solene Celebração Eucarística em comemoração a festa do excelso patrono São Tiago. Essa Celebração foi presidida pelo Exmº. e Revmo. Sr. Bispo Diocesano, Dom Célio de Oliveira Goulart,  e concelebrada pelos Revmos. Srs. presbíteros Álisson André Sacramento (Reitor do Seminário na casa de formação em São João del Rei), Antônio Carlos Trindade da Silva (Reitor do Seminário na casa de formação em Juiz de Fora), entre outros diversos sacerdotes desta Igreja Particular.
 A homilia versou sobre a importância da humildade do Apóstolo São Tiago, o Bispo, também nos apresentou um histórico sobre a vida do mesmo. No decorrer da homilia Dom Célio, pediu que Pe. Álisson justificasse a ausência de alguns bispos, padres e bemfeitores do Seminário. Foram apresentados os nomes dos reitores que atuaram no Seminário desde a sua fundação no ano de 1962 e a primeira turma. Ao final da homilia o Bispo, destacou a importância do papel do Seminário de acordo com as “Diretrizes Gerais para a Formação dos Presbíteros do Brasil” e parabenizou os atuais seminaristas.
Do Seminário São Tiago tem saído sacerdotes zelosos e leigos que nas mais diversas profissões e cargos públicos têm levado adiante a fé em Jesus Cristo, ajudando a construir uma sociedade mais humana e justa. Este Seminário é obra do especial amor de Deus que, na constelação das grandes estrelas, continua a brilhar ad maiorem Dei gloriam.
Seminarista Plínio A. S. Almeida

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Amor, Oração, Santidade


O mês de junho é rico em comemorações e celebrações. Uma das que marcam fortemente este mês é a festa do Sagrado Coração de Jesus. Uma solenidade celebrada dentro do Tempo Comum. Comemorado na segunda sexta-feira após a festa solene de Corpus Christi, a solenidade do coração Sacratíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo dá especial atenção ao seu amor incondicional e à sua misericórdia sem fim.
A origem desta festa se encontra nas inspirações (entre 1673 a 1675) de Santa Margarida Maria de Alacoque, religiosa pertencente à Congregação da Ordem da Visitação. Receberam especiais destaque e divulgação as doze promessas a todos quantos se dedicassem a esta devoção, participando das comunhões reparadoras nas primeiras sextas feiras de cada mês, dia dedicado ao Sagrado Coração de Jesus todos os meses em nossas comunidades.
Vários papas incentivaram esta devoção, dentre eles, Pio X, Pio XI, Pio XII, Leão XIII, Gregório Magno, entre outros. Vários santos, canonizados, fizeram o mesmo: Santa Margarida, Santa Gertrudes, Santa Catarina de Sena, Beata Maria do Divino Coração, e outros.
A devoção ao Coração de Jesus é muito preciosa para a vida da Igreja. Comporta uma teologia tal, onde se enfatiza o amor, a ternura e o cuidado de Deus para com a salvação de seu povo, confiando-lhe sempre mais meios para se alcançar este fim.
Manifesta a revelação que está muito clara nas Escrituras: Deus é Amor e nos ama! O coração de Jesus simboliza exatamente esse Amor que deu a vida por nós, derramando o seu sangue para nos redimir. Recorda para nós o amor infinito do Senhor.
Esse dia, que neste ano cai no dia 15 de junho, é também o dia da Jornada de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Nossas comunidades paroquais são convidadas a fazer orações especiais nessa intenção. Temos as cartas do Prefeito da Congregação para o Clero enviando o texto para reflexão. A Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB também enviou uma bela carta aos padres por ocasião da passagem desse dia. Numa mensagem especial para este dia, o Papa Bento XVI chama a atenção não apenas para a santificação do clero, como postura comum a todas as pessoas, mas para a necessidade de que sejam, cada vez mais, ministros da santificação. E, isto, segundo o papa, deve ser assumido em cada ação ministerial desempenhada. Recorda o Santo Padre que o destino do sacerdote é a santificação de seus irmãos e, só assim, o presbítero poderá santificar-se a si próprio. Ressalta que nossas falhas não são suficientes para apagar este desejo em nós e nem o sinal dele para o mundo.
O sacerdote, diz o papa, com sua adoração diária e seu ministério cotidiano, deve reconduzir tudo e todos à comunhão trinitária, atingindo o coração de cada homem e reconduzindo-o à pátria definitiva. E conclui, orando: “Que no serviço à Igreja e ao mundo os sacerdotes sejam santos”. Neste dia, ao Coração de Jesus dedicado, rezemos por nossos sacerdotes para que desempenhem sempre mais e com maior fidelidade o encargo de Cristo mesmo recebido.
A santidade deve ser o nosso projeto pastoral! O Papa Beato João Paulo II no ano 2000 recordava: “em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte para onde deve tender todo o caminho pastoral é a santidade” (NMI 30).
Convido todas as comunidades católicas a se reunirem nesse dia para momentos de oração por essa intenção, e para também deixarem-se conduzir para viver uma intensa caminhada de conversão sincera do coração.
Por isso mesmo, o tema deste ano para esse dia é a Santidade: “esta é a vontade de Deus: a vossa santificação! (1Ts 4,3). Mas, ao mesmo tempo, devemos nos tornar “ministros da santificação” para os irmãos.
Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em vós!

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)


Fonte: CNBB

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Magnificat anima mea Dominum Lc 1,46

                                                 
Numerosos são os hinos compostos para se mostrar a Deus a devida gratidão. Mas, entoe todos os hinos de ação de graças, e não agradarão a Deus como o Magnificat anima mea Dominum, que Nossa Senhora num arroubo de humildade profunda entoou, e que os “lábios” da Santa Igreja não mais cessarão de repetir jubilosa.
Maria mais do que todos compreendia a obrigação de agradecer a Deus e de lhe dar glória, mais que todos, tinha um coração reconhecido e grato, fiel e cumpridor de seus deveres. No coração de Maria jamais achou acesso o vício da ingratidão. Só a gratidão habitava sempre em tão santa morada.
Tal foi a gratidão da Virgem que inundou toda a sua vida. Com gratidão pensava, com gratidão falava, com gratidão operava. Foi a gratidão de Maria um agradável incenso oferecido ao Criador.
Caro leitor, neste dia em que a Igreja celebra a festa litúrgica da Visitação de Nossa Senhora, nós felizes filhos da augusta Senhora exultamos de prazer o coração, por ter oferecido a Santíssima Mãe uma coroa. Seguimos o exemplo do altíssimo Criador que também a chama para ser coroada: “Veni de Líbano, sponsa mea, veni de Líbano, veni coronaberis Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano, vem, e serás coroada”. (Ct. 4.)
Nós seminaristas do Seminário São Tiago, por meio das mãos de nosso Reitor, o Revmo. Sr. Pe. Álisson André Sacramento oferecemos neste dia uma coroa que simboliza a coroa do triunfo pelas vitórias alcançadas, a coroa do prêmio pelas virtudes praticadas, e a coroa da glória que a Mãe amável recebeu no Céu.
Quão grato não deve ser a Maria ver estes filhos, que, depois de terem considerado suas grandezas, suas virtudes e perfeições durante todo este mês de maio, vêm em dia tão solene depositar uma coroa que representa o nosso amor?
O Reitor destacou em sua reflexão a tremenda antítese de uma mulher tão simples e humilde triunfar como Rainha Soberana! Uma Virgem sem armas que pulveriza debaixo dos pés os inimigos infernais. “Como descrever o triunfo de Maria sendo coroada como Rainha do céu e da terra? Tamanha honra está gravada em pinturas antiquíssimas que se tornaram artes indeléveis em nossas igrejas”.
O Pai queria coroar a sua Filha, o Filho queria coroar a sua Mãe e o Espírito Santo queria coroar a sua Esposa. Para ser coroada o Pai a chama por sua vez, o Filho também, e o Espírito Santo ainda: Veni, veni, veni, coronaberis Vem,vem,vem e serás coroada .
Estimados Leitores, como é doce e consolador o pensamento de que temos no céu uma boa e poderosa Mãe. De fato, é tão poderosa e tão forte a nossa Mãe, que em sua vida não notamos um só momento de impotência, nem um só ato de fraqueza.
Como Rainha respeita a Igreja a Maria, e como tal a invoca em suas orações — Salve Regina, Ave Regina caelorum, Regina caeli laetare como Rainha intemerata a reconhecem toda a espécie humana e toda a corte celeste.  Por isso, podemos exclamar: Ó excelência acima de toda excelência! Basta o seu título de Mãe de Deus para mostrar toda a sua grandeza e excelência. Como disse Pio IX, em sua bula Ineffabilis Deus”: “Só o milagre da maternidade divina de Maria a eleva acima de todos os louvores humanos e angélicos”.
Nas dores e nos agros da vida, nos tormentos e nas lutas, do mundo o nosso coração parece crescer e se abrir quando dizemos com a Igreja: Virgem poderosa, rogai por nós!
             
Seminarista Plínio A. S. Almeida

Fotos da Coroação de Nossa Senhora:


sábado, 26 de maio de 2012

A cruz e Pentecostes


Na vida existem momentos onde o silêncio grita aos nossos ouvidos e ao nosso coração, temos a impressão de que o senhor não nos houve, e chegamos a dizer que Ele nos abandonou, mas num breve momento nos pegamos contemplando a cruz, e então nos perguntamos: mas qual o sentido da mesma, o que Jesus quis nos ensinar através do calvário? Qual a serventia de tal ato?

Neste momento a assertiva que nos vem à mente é muito óbvia, Ele fez isso por amor à humanidade. E ainda é perigoso que consideremos essa pergunta até sem sentido, pois obviamente o Senhor demonstrou ali seu amor pelo mundo. Se pensarmos isto já está ótimo, estamos indo muito bem em nossa meditação sobre o calvário.

Mas o calvário nos diz mais, fala-nos da nossa fraqueza, pois no cerne ontológico do calvário está a libertação dos cativos, está ali o ensinamento do que é verdadeiramente amar. E ali o bom Mestre nos ensina, amar é chegar ao limite e ainda ir além, ir até mesmo além da vida, pois uma vida que não conhece o amor em sua trajetória não é uma vida que se vive em plenitude. No calvário se aprende a perdoar, a negar a dor para dizer palavras sábias, aprende-se que muitas vezes não são palavras, mas sim com atos que se demonstra o que se sente. A cruz também nos mostra que o sofrimento, o martírio não são fins em si mesmos, mas apenas caminhos para que o homem possa ser mais humano, e sendo mais humano, aprenda a ser mais divino.

E é nesta mistura de silêncio e contemplação do calvário, que nos lembramos que três dias após o martírio o Senhor ressurge. Ressurge para mais uma vez nos ensinar do que é capaz o amor, este amor que faz com que as três pessoas da trindade se reúnam em um único ser, no próprio SER, no próprio DEUS.

Esta é a verdadeira face do momento do calvário, pois é isto que realiza no homem o calvário da vida, pois diante do sofrimento e da dor se ressurge para a fé, se diz sim a vida, se diz sim ao amor. No calvário da vida se encontra a si mesmo, depara-se com os gritos internos do lado humano, do lado frágil, carente de repousar em Deus, nosso único rochedo. E exatamente quando separamo-nos desse amor com o qual o Senhor nos envolve, percebemos que sem ele não vale a pena existir.

Três grandes enigmas que rondam a fé, o calvário, o silêncio e o amor, mas que se esclarece ao unir-se no calvário, num profundo silêncio se vê a grandeza da árvore da salvação, e através de tamanha demonstração de amor se aprende a reconhecer e a crer em um Deus que nos ama além, muito além do que imaginamos.

 Ó árvore bendita que tanto nos ensina. Nela somos lembrados do grande mandamento de cristo: amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado.

Através deste mistério, compreendemos que o tempo que agora se aproxima, é apenas uma continuação do que foi iniciado no calvário e permanecerá até o fim dos tempos. O Senhor Jesus ressuscita, e agora ele vai subir aos céus para enviar de lá aquele que nos esclarecerá todas as coisas, Ele nos enviará o Espírito Santo. Este vento que sopra onde quer, movendo os corações a proclamarem a boa nova, fazendo com que as almas incandesçam aos olhos de Deus.

Este Espírito que nos é dado é o que move a todo o povo de Deus, Ele é o verdadeiro sustentáculo da fé. Nossa capacidade de reconhecer a Jesus emana a cada um de nós através da ação do Espírito Santo em nossas vidas.

O Paráclito (o Defensor) vem para revelar ao homem, tudo aquilo que lhe fora ensinado por Cristo, mas em sua humanidade ele não consegue tal esclarecimento, a pessoa humana é demasiadamente limitada para elevar-se tão sublimemente. É necessário, portanto ao homem o auxílio divino, para que ele compreenda a lógica e a graça divina.

Mais uma vez a importância da cruz se revela, somente pelo fato de haver um calvário, o homem se liberta e recebe o Espírito de Deus. Um Espírito que também se revela no silêncio, ele não faz alvoroço, mas pelo contrário, este Espírito é suave como a brisa e ao mesmo tempo abrasador como o fogo. Um fogo que arde constantemente no coração humano, trazendo conforto e inquietação à alma humana, e entendemos esta inquietação quando rememoramos a frase de Santo Agostinho: minha alma está inquieta enquanto não repousar em Deus.

Através deste Espírito, que é a própria manifestação do amor que une o Pai e o Filho, pode-se então, dizer-se que a personificação do amor entre as duas pessoas divinas, o Pai e o Filho, habitam em nosso meio. É a comunidade divina agindo em prol da pessoa humana, dando-nos o exemplo de harmonia perfeita, tão perfeita que nos conforta levando-nos à impotência diante da força de Deus. Esta força que tem seu ápice de manifestação do divino, exatamente no calvário. E convém aqui entrar numa profunda memória, da carta primeira do Apóstolo Paulo enviada aos coríntios, no capítulo treze, onde ele faz uma profunda revelação do que é o amor.

Estamos agora diante da profundidade de um mistério insondável, mas que se sustem por um amor inimaginável aos olhos humanos. O amor de Deus pela pessoa humana, um amor que tudo crê, confia, suporta, perdoa. Assim o Senhor nos sonda e nos envolve neste amor.

Que o Espírito Santo derrame sobre nós a água da vida, a qual faz brotar em nossos corações a chama do amor de Deus, o dom da sabedoria, para que nossas almas sejam inflamadas por esta chama diante do milagre de pentecostes.

Seminarista Jonathan Geraldo da Silva

Dom do Temor de Deus

Pintura do Presbitério da Catedral de Barretos-SP
Terminando hoje o setenário do Espírito Santo, com a meditação sobre o sétimo dom: Temor de Deus. Sendo esse dom, o que nos ajuda a aproximar cada vez mais de Deus e distanciar do pecado, pois nos leva a amar de tal forma que iremos reverenciar a Deus de todas as formas possíveis. Esse temor, tem o significado de respeito, e não de medo, muito pelo contrário, é uma reverência a Deus. Dom do Temor de Deus, não é ter medo de Deus, mas sim ter medo de ofender a Deus.
Como diz o 1º mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas. Esse temor a Deus é na verdade o respeito a Ele.
Esse dom nos faz obserevar a nossa pequenez diante da grandiosidade de Deus. Quando, por exemplo, estamos diante de um confecionário para apresentar os nossos pecados, e diante daquele momento que estamos em profunda tristeza por ter ofendido a Deus, somos em sua infinita bondade perdoados. Leva-nos também a confiar em sua infinita bondade e nos aproximar de seu amor.
Nesse mundo em que vivemos, um mundo material, onde Deus é colocado de lado, como se Ele não existisse, temos a grande necessidade deste dom. Para reconhecermos nossas infidelidades e nossas limitações diante da grandeza da bondade e amor de Deus.
A Virgem Maria, a quem dedicamos este mês de maio, é o grande modelo para nós, pois soube acolher completamente o dom do Temor de Deus, ao responder o chamado d’Ele: "Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa vontade." (Lc 1-38).
A exemplo da Virgem Maria, devemos acolher os Dons do Espírito Santo para, de certa forma, podermos colaborar, para que haja a salvação hoje e sempre em nossas vidas.

Seminarista Junior José de Souza Paiva

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dom da Piedade

                                Pintura do Presbitério da Catedral de Barretos-SP

Hoje, há poucas pessoas que acham prazer em serem devotas e piedosas; as poucas que o são, tornam-se geralmente alvo de desprezo ou escárneo de pessoas que tem outra compreensão da vida. Realmente, é grande a diferença que há entre um e outro modo de viver. Resta saber qual dos dois satisfaz mais à alma, qual dos dois mais agrada a Deus. Ser piedoso, vai muito além de expressões e qualidade, uma vez que é um dom, como o próprio nome já diz é uma dádiva que se recebe do Espírito Santo, e que nos leva para muito além de uma característica pessoal, pelo contrário, sua ação envolve especialmente a pessoa do outro.

São Paulo quando escreve aos Romanos, no capítulo oitavo diz: “Recebestes o espírito de adoção de filhos, mercê do qual clamamos: Pai” (RM 8, 15). O Espírito Santo, mediante o dom da Piedade, nos faz como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai, produzindo em nós uma afeição filial para com Deus, adorando-O com amor sobrenatural e santo ardor, e uma terna afeição para com as pessoas e coisas divinas. Tal dom aprimora em nós a virtude da justiça, sob todas as suas formas, a da religião, a da piedade e a da gratidão. Pela virtude da justiça, damos ao outro, ou seja, ao nosso próximo aquilo que lhe pertence.
O dom da piedade é auxiliado por duas virtudes teologais: a virtude da esperança e a virtude da caridade. Pela virtude da esperança participamos da execução das promessas de Deus e, pela virtude da caridade, amamos a Deus e ao próximo. É este dom que orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-nos pessoas mais profundas e santas.
Ao recebermos tamanha dádiva do Espírito Santo somos capazes de nos tornarmos mais íntimos de Deus, em todas as nossas relações de “dar e receber”, que caracterizam o relacionamento natural. Desse modo, a piedade leva-nos a considerar não apenas os benefícios recebidos, mas muito mais, o fato de Deus ser sumamente santo e sábio, e assim sermos do modo como Deus nos ensina, com nossos irmãos e irmãs.

Santa Teresinha do Menino Jesus, bem nos ensina através de sua própria vida, a fazer tudo para Deus, com amor. Sua vida traduz o puro significado do que ser uma pessoa piedosa, ou seja, fazer tudo, desde a pequena tarefa de se fazer uma limpeza, com amor. Santa Teresinha, na sua pequena via, soube agir com amor, falar com amor, enxergar com amor, e assim ao mesmo tempo ser Cristo para os outros executando o seu maior mandamento, que é o amor. Ela mesma diz, em um trecho de seus próprios escritos: ‘‘O dom da piedade não leva o autêntico católico a cumprir apenas seus deveres para com Deus de maneira filial, mas leva-o também a fazer apostolado (ou seja, a praticar o amor de Deus) com todos os seus semelhantes.”
Enfim, o dom da piedade move-nos a ultrapassar os limites do direito e do dever, a fim de testemunhar uma generosidade que não mede esforços desde que seja para o bem das almas. É o que exprime São Paulo, ao escrever: “E eu, de boa vontade, darei o que é meu e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos eu mais, seja por vós menos amado” (2 Cor 12, 15). Que possamos estar abertos para receber este dom do Espírito Santo tão necessário para nossa caminhada, pois é ele que nos fará a fazer tudo através da mais pura gratuidade, por amor a Deus e ao nosso próximo, cumprindo assim a sua vontade.
Seminarista Samuel Carvalho Detomi

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Dom da Fortaleza

Pintura do Presbitério da Catedral de Barretos-SP


“Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl. 4,13)

            Ó Dom inigualável; Ó manifestação irrevogável; Ó seiva que nos leva a evangelizar. É diante das palavras de confiança do Apóstolo Paulo que conseguiremos tomar a real dimensão do Dom da Fortaleza.
            O mundo em si nos apresenta grandiosas manifestações de fraqueza, derrota e tantos outros sentimentos que levam a humanidade a uma condição de desespero. O mistério da iniquidade assola a toda criatura nos mais variados tipos de classes, raças e posições sociais. O homem lançado no mundo se depara com uma estrutura já pronta e diante dela não há outra alternativa senão aceitá-la. Mas, felizmente há em meio a essas tantas perturbações uma luz que foi resguardada desde os primeiros apóstolos até os tempos atuais: a luz da fé manifestada no evangelho de Jesus Cristo. Mas essa luz que transmite paz, conforto, esperança, só pode estar presente em nosso meio, graças ao impulso do Espírito Santo. Espírito que fortaleceu e guiou aqueles que foram capazes de nos legar tais ensinamentos. Espírito que conduziu e conduz a Igreja de Jesus Cristo em todos os momentos, mesmo diante das tribulações. Espírito que vivifica a Fé daqueles que não mais têm esperança no bem viver. Espírito que nos traz a certeza de que não estamos sozinhos, mas que dentro de nós temos a presença de um Deus libertador.
            É sobre a Fortaleza que devemos hoje refletir. Esse Dom é de fato o que mais contribuiu para a expansão e anúncio da palavra do Redentor. Pois é essa fortaleza que deu coragem e vigor aos primeiros mártires de nossa Mãe Igreja. Foi esse Dom que fez com que milhares de cristãos vestissem a camisa da solidariedade e lutassem por um mundo novo. E é esse Dom que leva a milhares de jovens de nosso tempo a entregarem suas vidas ao Sacerdócio. E é nesse ponto que nossa reflexão se enriquece para nós no dia de hoje. O ponto de reconhecermos que é a Fortaleza concedida pelo Espírito que nos faz permanecer fiéis ao chamado de Cristo. Mesmo havendo tantos desafios, mesmo havendo tantos conflitos, mesmo havendo tantas renúncias, somos jovens de coragem. Jovens que acreditam e tentam se encontrar dentro desse projeto de amor. Pois, para prosseguirmos nossa vida, não basta apenas o desejo de querer bem, não basta apenas o desejo de ser aprendiz do Mestre, mas, é necessário possuir a Fortaleza necessária para tão grande empreitada. Pois é essa fortaleza que derruba as muralhas do mistério da iniquidade. É ela que dá a confiança necessária para irmos em busca do infinito, mesmo sabendo que somos finitos, e que do mundo somos apenas uma pequena parte. Bem sabemos que para muitos, essa confiança total que é gerada por este grandioso Dom da Fortaleza, é considerada uma loucura, algo sem sentido. Mas esse sentido só pode ser observado e aceito por aqueles que se deixam ser iluminados pela luz daquele que celebramos nesses dias de nosso setenário. Somente o Espírito Santo pode purificar e clarificar a nossa Fé. Sem ele nada faz sentido, nada possui valor.
            Peçamos ao Espírito Santo que sejamos homens corajosos, homens que se dedicam sem medo às causas últimas do evangelho. Que ele nos conceda a graça de sermos Cristãos por completo. Que o medo de se entregar a tais ensinamentos não possa invadir nossos corações. Que a Fortaleza ocupe o lugar necessário em nosso ser, para podermos afirmar sem medo: “Se Deus está conosco, quem será contra nós?” (Rm 8, 31)

Seminarista Jorge Wilson Carvalho Fonseca

Dom do Conselho

                                 Pintura do Presbitério da Catedral de Barretos-SP
Pelo dom natural da “prudência” a nossa inteligência tem uma forma de agir perfeitamente prática. Quando queremos realizar qualquer ação examinamos com cuidado a conveniência, a oportunidade, as circunstâncias etc. É a prudência humana. Mas por melhor que ela seja, é imperfeita.
 Por causa do pecado original, muitas vezes ficamos desnorteados, desorientados e confusos, inseguros e indecisos, quando precisamos escolher os caminhos a seguir em nossa vida de cada dia. Confundimos, tantas vezes, o mal com o bem. O errado com o correto. O falso com o verdadeiro. Quantas vezes escolhemos o mal como se fosse um bem. Em nossos tempos é tão grande a desorientação nas pessoas que chegam a condenar o bem e a glorificar o mal. São leis que aprovam o crime, o pecado e a injustiça.
 O Espírito Santo vem em socorro de nossa fraqueza para reconstruir-nos por dentro e devolver-nos a segurança interior, a certeza daquilo que é correto. Nossa vida de cada dia é tão complicada, às vezes tão cheia de incertezas, de dúvidas e de indecisões que precisamos de socorro do alto. O Espírito Santo vem em socorro de nossa fraqueza e nos dá o dom do Conselho. Por ele, o próprio Espírito de Deus se torna o nosso companheiro de caminhada e de peregrinação, indicando-nos os caminhos corretos da verdade a do bem.
O dom do conselho, também chamado "dom da prudência", nos faz saber pronta e seguramente o que convém dizer e o que convém fazer nas diversas circunstâncias da vida. Este dom é a luz do alto que recebemos para nos auxiliar em nossas escolhas a respeito do que é certo e do que é errado.  É um dom de santificação que nos faz viver sob a orientação do Espírito Santo.
O dom do conselho nos orienta instantaneamente de forma perfeita. Por ele, o Espírito Santo nos fala ao coração e nos faz compreender o que devemos fazer. Agimos sem timidez ou incerteza. Pelo dom do conselho, falamos ou agimos com toda confiança, com a audácia dos santos.
Quem o possui consegue dirigir, orientar e aconselhar as almas para a sua própria salvação e felicidade. O dom do conselho que é dado pelo Espírito Santo não é inconveniente, interesseiro, não aconselha segundo a conveniência pessoal mas aconselha somente para o bem da pessoa. Este dom constitui uma preciosidade, pois alerta-nos para os erros que cometemos ou soluções que necessitamos.
O dom do conselho derrama a sabedoria divina sobre o nosso pensamento. O dom do Conselho ilumina os fatos e os acontecimentos com a luz de Cristo, isto é, a luz da verdade, a luz do amor, a luz da justiça. Quando os problemas são resolvidos com a sabedoria de Deus todos os envolvidos são edificados, Deus opera para que tudo concorra para o bem.
Pelo dom do Conselho o Espírito Santo torna-se o “nosso diretor espiritual permanente”, o nosso conselheiro íntimo, que nos acompanha e aconselha a cada momento nas nossas incertezas. Porque Ele conhece exatamente todas as coisas, porque Ele sabe o que é correto e melhor, nos aconselha e move a realizarmos cada vez mais aquilo que é melhor para nós e para os irmãos.
Que O Espírito Santo que mora nos nossos corações, como um guia, nos conduza com segurança em meio aos caminhos tortuosos e complicados dessa vida, para que busquemos sempre a perfeição cristã, fazendo-nos ver com clareza a verdade, o bem, o correto, e nos impulsione a buscar, a viver e a praticar sempre aquilo que é correto e bom.

Seminarista Rutiero Ruan de Carvalho