sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dom da Piedade

                                Pintura do Presbitério da Catedral de Barretos-SP

Hoje, há poucas pessoas que acham prazer em serem devotas e piedosas; as poucas que o são, tornam-se geralmente alvo de desprezo ou escárneo de pessoas que tem outra compreensão da vida. Realmente, é grande a diferença que há entre um e outro modo de viver. Resta saber qual dos dois satisfaz mais à alma, qual dos dois mais agrada a Deus. Ser piedoso, vai muito além de expressões e qualidade, uma vez que é um dom, como o próprio nome já diz é uma dádiva que se recebe do Espírito Santo, e que nos leva para muito além de uma característica pessoal, pelo contrário, sua ação envolve especialmente a pessoa do outro.

São Paulo quando escreve aos Romanos, no capítulo oitavo diz: “Recebestes o espírito de adoção de filhos, mercê do qual clamamos: Pai” (RM 8, 15). O Espírito Santo, mediante o dom da Piedade, nos faz como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai, produzindo em nós uma afeição filial para com Deus, adorando-O com amor sobrenatural e santo ardor, e uma terna afeição para com as pessoas e coisas divinas. Tal dom aprimora em nós a virtude da justiça, sob todas as suas formas, a da religião, a da piedade e a da gratidão. Pela virtude da justiça, damos ao outro, ou seja, ao nosso próximo aquilo que lhe pertence.
O dom da piedade é auxiliado por duas virtudes teologais: a virtude da esperança e a virtude da caridade. Pela virtude da esperança participamos da execução das promessas de Deus e, pela virtude da caridade, amamos a Deus e ao próximo. É este dom que orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-nos pessoas mais profundas e santas.
Ao recebermos tamanha dádiva do Espírito Santo somos capazes de nos tornarmos mais íntimos de Deus, em todas as nossas relações de “dar e receber”, que caracterizam o relacionamento natural. Desse modo, a piedade leva-nos a considerar não apenas os benefícios recebidos, mas muito mais, o fato de Deus ser sumamente santo e sábio, e assim sermos do modo como Deus nos ensina, com nossos irmãos e irmãs.

Santa Teresinha do Menino Jesus, bem nos ensina através de sua própria vida, a fazer tudo para Deus, com amor. Sua vida traduz o puro significado do que ser uma pessoa piedosa, ou seja, fazer tudo, desde a pequena tarefa de se fazer uma limpeza, com amor. Santa Teresinha, na sua pequena via, soube agir com amor, falar com amor, enxergar com amor, e assim ao mesmo tempo ser Cristo para os outros executando o seu maior mandamento, que é o amor. Ela mesma diz, em um trecho de seus próprios escritos: ‘‘O dom da piedade não leva o autêntico católico a cumprir apenas seus deveres para com Deus de maneira filial, mas leva-o também a fazer apostolado (ou seja, a praticar o amor de Deus) com todos os seus semelhantes.”
Enfim, o dom da piedade move-nos a ultrapassar os limites do direito e do dever, a fim de testemunhar uma generosidade que não mede esforços desde que seja para o bem das almas. É o que exprime São Paulo, ao escrever: “E eu, de boa vontade, darei o que é meu e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos eu mais, seja por vós menos amado” (2 Cor 12, 15). Que possamos estar abertos para receber este dom do Espírito Santo tão necessário para nossa caminhada, pois é ele que nos fará a fazer tudo através da mais pura gratuidade, por amor a Deus e ao nosso próximo, cumprindo assim a sua vontade.
Seminarista Samuel Carvalho Detomi

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