sexta-feira, 30 de março de 2012

7ª Dor: Jesus é sepultado

            Seis dias se passaram, seis dores foram aqui meditadas. Resta-nos agora refletir e rezar diante da última dor sofrida por Maria Santíssima. Hoje meditaremos sobre a solidão de Maria. Diante do sepultamento do Filho, ela se encontra só.
Na vida da fiel servidora não há mais experiência concreta da felicidade. A Mãe é condenada a sepultar o Filho. Essa é a última e mais profunda dor que uma mãe pode sofrer. Pois, não é da ordem natural das coisas que uma mãe sepulte o filho e sim que o filho sepulte a mãe. Meus amigos, ao rememorarmos tal cena, convido a vocês que reflitamos sobre o real sentido da vida.  Diante de tal proposta gostaria que pensássemos com muita clareza sobre a vida em todas as suas fases: Em primeira instância somos chamados à existência pela fecundação de um óvulo no seio de nossa mãe. São dois gametas que se encontram e que por força da natureza humana geram um novo ser. Um ser que por sua vez carrega consigo novas características. Tais como: nova forma, novo pensar, novo agir. Cada ser humano gerado nesse palco existencial, chamado vida, é único. E isso podemos confirmar no velho e bom ditado popular: “Ninguém é igual a ninguém”. A partir desse pensamento somos levados a nos maravilhar diante de tão grande mistério, o mistério da vida. Após o período de gestação, aquele feto se torna um bebê. Com o passar do tempo ele dá seus primeiros passos. Os pais vibram a cada palavra que ele tenta pronunciar pela primeira vez. A idade avança mais um pouco, e ele se torna uma criança que começa a ser despertada para a sociedade onde vive. Juntamente com a juventude chegam às interrogações. Dúvidas como: Que carreira profissional seguir? Qual roupa vestir? Em quais conquistas devo pautar minha existência? Lanço essas questões devido ao mundo que nos é apresentado nos dias de hoje. O jovem de hoje é bombardeado pela mídia, meio social, internet e tantos outros veículos de comunicação, que buscam gerar em todas essas mentes a preocupação sobre o que devo querer agora. Humildemente podemos aqui colocar uma expressão latina que define muito bem a mentalidade dos jovens nesse mundo atual: “Carpe Diem”. Ou seja, aproveite o agora. O que importa é que estamos aqui, então lancemos nossos desejos nos prazeres do mundo material. Mas como o relógio da vida não pára, a juventude passa. Na fase adulta, há os deslumbramentos acerca do casamento ou da vida solitária. O que importa é ter boas condições financeiras para se aproveitar tudo aquilo que ele pode adquirir. Seja um bom carro ou um outro bem qualquer. Mas nós sabemos que o ser terrestre tem como sendo seu sentido último à morte. A vida é como um barco a vela que segue constante para o seu destino. E nós somos os passageiros desse barco. E como bem sabemos, há passageiros que percebem o singrar do barco, mas há também aqueles que só notam a existência dessa viagem quando estão próximos de desembarcarem no cais da morte. É necessário que a juventude e a fase adulta passem para muitos de nossos irmãos notarem a sua característica de finitude.
O homem é convidado a trilhar um caminho com data e hora marcada para se findar. E dessa dimensão nem o mais rico dos homens pode escapar. A morte é o ponto mais justo que existe em nosso meio, pois, ela é para todos. Dentro dessa reflexão anterior busquei pautar argumentos puramente materialistas. Onde todos os objetos de análises são baseados na experiência concreta. É uma realidade que embora seja dura, existe. E existe com grande força, pois, a todo o momento nos deparamos com exemplos ao nosso redor.
Após tanto analisarmos a suposta concepção sobre o que venha ser a vida, e, sobretudo em nosso tempo, peço que pensemos no filho da Mãe das Dores em sua condição humana. Em nada ele foi privado. Sua condição humana fez com que ele vivenciasse praticamente todas as principais fases de um homem qualquer. Experimentou desde a ternura das carícias de uma mãe, até as terríveis dores causadas pelo mistério de sua paixão e morte. Maria também teve sua vida massacrada pelos sofrimentos. A angústia tomou conta de seu coração em muitos momentos de sua vida terrena. Nós aqui meditamos durante esses dias essa realidade acerca de sua vida. Desde a profecia de Simeão até o sepultamento de seu filho analisamos uma via pautada no sofrimento. Hoje a dor que contemplamos revela o fim para muitos de nossos irmãos. Pois a morte para muitos deles representa o ponto final, nada além dela pode existir.
Mas, meus irmãos, digo isto porque o que restara a Mãe do Salvador no momento em que ela sepultara seu único filho era a esperança. Maria poderia sim ter achado que tudo se acabara naquele instante em que vira o corpo de seu filho inerte e sem vida. Mas o que diferencia aquela mulher de tantas outras  é o sentimento forte de esperança que supostamente ela deveria ter sentido. Sentimento nobre que só nós cristãos compreendemos com clareza. Maria foi a “Primeira Cristã”, já nos dizia um compositor contemporâneo. Ela ouviu a proposta do Salvador. Ela sabia que dentre seus dizeres continha a proposta de ressurreição. Mas isso não significa que ela não sofreu ao ver seu filho sendo açoitado. Sim ela sofreu por ver ele morto na Cruz. De fato, ela se angustiou ao ver aquele corpo gélido e sem vida sendo depositado no sepulcro. Mas ela tinha esperança. Sentimento que deve ser por nós valorizado e vivenciado. Pois só a esperança na vida eterna e nas propostas vivificadores do Cristo pode nos trazer uma paz interior e o real sentido da vida.
Mãe das Dores olhe por nossos irmãos que não encontram na morte o caminho necessário para a salvação. Fazei com que eles, inspirados pelos valores evangélicos, sejam cada vez mais fortalecidos para crerem na proposta de nossa amada Igreja, que caminha sempre visando os sinais de salvação.
 

         Seminarista Jorge Wilson Carvalho Fonseca

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