quarta-feira, 28 de março de 2012

5ª Dor: Aos pés da cruz



Ninguém olha mais de perto a Cruz do que Maria. Levando sobre seus ombros o enorme peso de suas dores, mesmo assim ela permanece de pé, como uma coluna inabalável, uma rocha firme. Mesmo tomada de profundas dores, ela não se desespera, permanece firme e guardando tudo em seu coração. Maria, a mulher do silêncio. Pouco ouvimos nos relatos evangélicos as palavras de Maria, mas mesmo em seu silêncio ela nos mostra e nos dá um grande exemplo.
Eis o cenário desta quinta dor, Jesus, o Filho que ela tanto ama, está suspenso em uma cruz, todo chagado, transpassado por cravos e todo ensangüentado. Poucos dos amigos de seu filho restaram, ficaram apenas, o discípulo amado, Maria Madalena e alguns outros. E ela, Maria, permanece de pé.
Aqui temos a contemplar uma nova espécie de martírio. Trata-se de uma mãe condenada a ver morrer diante de seus olhos, no meio de bárbaros tormentos, seu Filho inocente.
Todos o abandonaram,  até mesmo Pedro que disse que nunca o abandonaria, mas Maria ficou aos pés da Cruz com o Discípulo Amado.
Tu és a Mãe verdadeira e a Mãe que sinceramente ama, pois nem mesmo o horror da Morte pode separá-la do filho tão amado.
Que doloroso espetáculo se pode ver no calvário. Agonizante na cruz se encontra o Filho e tão perto quanto podia da cruz, a Mãe agoniza também, toda e profundamente compadecida das penas do filho.
Mas, Mãe, tu não está sozinha, pois também quantas Mães hoje sofrem e se compadecem dos sofrimentos dos filhos, que se encontram muitas vezes em situações tão adversas, como a doença.
 Mães que correm de hospital em hospital procurando atendimento para seu filho, mas não o encontra, devido ao mal sistema de atendimento público. Mas que mesmo diante de tamanhos desafios se encontram e permanecem de pé, firmes, muitas vezes com seus filhos nos braços esperando o atendimento digno.
 Essas Mães sofrem as dores dos filhos, como vós mesma sofrestes com seu Jesus, porque Maria não estava somente junto à cruz, digo mais, e com muita convicção que estavas na mesma cruz, crucificada com vosso Filho. Por isso Intercedei, Ó Mãe das Dores, por essas mulheres de fibra, que nunca se cansam de lutar por seus filhos.
Quando, uma mãe é obrigada a assistir um filho em agonia, procura dar-lhe todo alívio possível. Ajeita-o na cama, para que fique mais confortável, e dá a ele outros carinhos. Desse modo a pobrezinha vai disfarçando sua dor.  
Mas Mãe de todas a mais aflita! Ó Maria, é imposto a Vós assistir a Jesus que moribundo jazia na cruz mas não é de modo algum te permitido dar-lhe algum conforto, qualquer que fosse, até isso te foi negado.
Ouves teu filho bradar do alto da cruz que tinha sede, mas não lhe foi permitido dar-lhe nem um  pouco de água para saciar a sua sede. Podes somente dizer, como nos escreve São Vicente Ferrer: Meu filho, tenho tão somente a água de minhas lágrimas.
            A dolorosa Mãe não podia fazer nada para aliviar as dores de seu filho, queria consolá-lo em seus braços, mas não podia, queria abraçá-lo, mas até isso lhe foi negado. Por isso permanecia aos pés da cruz, compassiva dos sofrimentos do filho, mas não podendo fazer nada.
E nos diz são Bernardo a esse respeito, que "A plenitude das dores do coração de Maria derramou-se como uma torrente no Coração de Jesus. Sim, Jesus na cruz sofria mais pela compaixão de Sua Mãe, que por Suas próprias dores. Junto a cruz estava a Mãe, muda de dor; vivia morrendo, sem poder morrer".
            Nessas belas palavras está expresso, o que naquele dia se passou com a aflita Mãe. Qual Mãe que vendo o filho sofrer não quer tomar para si, os sofrimentos do filho para assim aliviá-lo? Também Maria o desejava de todo o coração, queria também  ela tomar parte na paixão de Jesus afim de ao menos por uns instantes deixar o filho isento dos sofrimentos que lhe afligiam desde a madrugada.
            Maria é, portanto, um modelo seguro de vivência da fé, pois nem mesmo a morte cruel do filho, a desviou do amor e da confiança em Deus, mas pelo contrário, foi a edificação da grande confiança que sempre teve nos planos de Deus.
            Munidos desta grande confiança manifestada por Maria no calvário, rezemos com Santo Afonso:
Ó aflitíssima entre todas as mães, morreu, pois, Vosso Filho tão amável e que tanto Vos ama. Chorai, que bem razão tendes para chorar. Quem poderia Vos consolar? Só pode dar-Vos algum consolo o pensar que Jesus com Sua morte venceu o inferno, abriu aos homens o paraíso, que lhes estava fechado, e fez a conquista de tantas almas. Do trono da cruz Ele reinará sobre tantos corações que, pelo amor vencidos, O servirão com amor.
Dignai-Vos, entretanto, ó minha Mãe, consentir que me conserve a Vossos pés, chorando convosco, já que eu, pelos meus grandes pecados, tenho mais razão de chorar que Vós. Ah! Mãe de Misericórdia, em primeiro lugar pela morte de meu Redentor, e depois pelo merecimento de Vossas dores, espero o perdão e a salvação eterna. Amém.

                                                          Seminarista Rutiero Ruan de Carvalho

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