segunda-feira, 26 de março de 2012

3ª Dor: A perda do menino Jesus no Templo



Estamos refletindo neste Setenário as dores de nossa amada Senhora. Esta pia devoção nos proporciona um verdadeiro encontro com o amor. O amor de uma Mãe pelo seu Filho. E ao mesmo tempo seu padecimento por causa deste. As sete dores da Virgem Maria são um convite para a nossa conversão e a nossa oração por tantas mães e senhoras que veem seu Filho na perdição e no afastamento de Deus e que na maioria das vezes, se encontram de mãos atadas, presas, sem poderem interferir na situação.

Hoje nos é proposto a reflexão sobre a Terceira Dor de Maria Santíssima. De longe este agudo gládio perfurou mais profundamente que os outros dois anteriores. Causou terrível dor, profunda angústia, prefigurou sua futura soledade. Qual mãe que não se vê aflita diante do afastamento e do desconhecimento de onde esteja seu querido filho? Se as mães de filhos simplesmente humanos choram e se desesperam diante de tal fato, quanto mais aquela amada Senhora que ao saber da perda de seu Santo Filho retorna apressadamente para buscá-lo e tê-lo de novo nos seus maternos braços.

O Evangelista Lucas nos relata esta terrível passagem. Pensar que foi descuido de São José e da Santíssima Virgem é um pensamento herético, assim como pensar que a pergunta feita por Maria ao Menino Jesus no templo foi uma admoestação, uma repreensão. Maria ao perguntar o porquê de ter feito aquilo com seus pais não adverte o Menino Deus, mas apenas demonstra o seu sentimento de angústia e desolação que sentiu ao longo daqueles terríveis e longos três dias de agonia. Quão terrível sentimento figurou naquele coração já traspassado por dois gládios! Foi a primeira vez que Maria ficou afastada de seu querido Menino desde seu nascimento. Que dura espada transpassou vosso terníssimo coração, ó Virgem Santíssima. Bem sabemos que o vosso amor e o vosso zelo por este precioso tesouro que o bondoso Deus vos confiou vos consumiram em dor e pranto neste momento em que perdestes vosso menino no Templo.

Mas eis que ainda tens um consolo ó Mãe! O encontrastes vivo, são e já exercendo prematuramente o seu ministério de doutor e de profeta. Quão esplendorosa sabedoria residia naquele menino, exclamavam os doutores e mestre do Templo. Que belos pais deveria ter para instruí-lo em tão santa doutrina e sábia palavra! De fato tinha bons pais. Por primazia, tinha o Pai celeste, dono da mais pura Verdade e do mais alto nível do conhecimento. Também por primazia tinha uma Santa Mãe, uma humilde serva que pelo seu silêncio e pelo seu temor a Deus magistrava seus conhecimentos em alto nível. Por último, tinha um zelador, um pai adotivo. Humano, mas sábio, justo como nos diz o Evangelho. Homem de bem, de moral e exemplo fiel do verdadeiro pai de família.

Meditar esta dor que agudamente assolou o Coração da Virgem é estarmos presentes e inseridos em uma realidade cruel e insensível. Maria é a figura de tantas mães que no desenrolar da história e da vida perdem seus filhos gerados com tanto amor, com tanto esmero e carinho. Ai de mim, ó Mãe, se quero comparar vossa terrível dor com a dor dessas pobres mulheres. Vós após três dias de agonia e de solidão encontrastes vosso amado Filho no Templo em Jerusalém. Estas pobres e infelizes mulheres perdem seus filhos, carne de sua carne, na maioria das vezes, por toda uma vida. Mães que se desesperam e se angustiam em tamanha medida que se sentem mortas, sozinhas e desamparadas. Mães que veem seus filhos vagarem pelo mundo da violência, pelo mundo dos vícios e da promiscuidade. Mães que de nenhuma maneira podem acorrer ao encontro de seus filhos para abraçá-los e reconduzi-los ao caminho do bem e da honestidade. Mães que veem seus filhos caírem em um precípio, mas por não poderem enxergar aonde pararam, ficam inertes e choram constantemente sua perda.

Mas vós, ó Maria, ensinais também uma preciosa lição para estas mulheres. Elas podem sim evitar o triste fim desta perda e assim como vós encontrarem seus filhos no Templo, sãos e salvos. Maria ensina que o bom caminho para um filho é uma boa educação pautada nos princípios e na moral do Senhor. Maria e José demonstram que quem ensina seu Filho a ir ao Templo, a freqüentar a Igreja, a amar o Senhor Deus, sem dúvida alguma, quando o perde de vista não o encontra em uma cadeia, em um presídio, muito menos nos vícios ou em um prostíbulo. A vida e a educação pautadas nos caminhos do Senhor conduzem a uma felicidade perene sem negligenciar a presença do sofrimento em nossas vidas. Maria, exemplo de Mãe e de mulher, não titubeou ao dar sua vida pelo projeto de Deus. Mas com seu sim, também assinou os sofrimentos que por conseqüência viriam.

A  Profecia do velho Simeão e a fuga para o Egito perseguida por Herodes não se equiparam a dor sentida por esta Senhora nesta ocasião. Nas duas primeiras, querendo ou não, Maria estava com seu Filho nos braços. Sentia o coração daquele indefeso menino pulsar de amor pela humanidade. Nesta ocasião é diferente. Se vê longe, afastada, sozinha, privada do contato com seu querido filho. Quisera eu ó Mãe, estar contigo neste sofrimento e amenizar com minha contrita presença o gládio que traspassou vosso terníssimo coração. Intercede Mãe, por aquelas senhoras que sentem diariamente o sofrimento da perda de seus filhos. Mostrai a elas o caminho que deve ser seguido, a atitude a ser tomada.

E quanto a nós, indignos pecadores, compadeçamos-nos deste terrível sofrimento que sentiu o coração de nossa amada Mãe. Façamos que com o nosso propósito e emenda de vida nos aproximemos dos sentimentos desta Senhora e com ela padeçamos suas dores.

“Ó querida Mãe, se por minha culpa Vosso Filho ainda não tornou à minha alma, fazei que eu O ache de novo. Bem sei que Ele Se faz achar por quem O busca. Mas fazei que eu O procure como devo. Vós sois a porta pela qual se chega a Jesus, farei que também eu chegue a Ele por meio de Vós. Amém.”

                                                                            Seminarista Lucas Alerson de Souza


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