quarta-feira, 17 de agosto de 2011

“Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” - Cl 2,7




Nesta passagem bíblica, São Paulo sintetiza nossa identidade cristã. Nada mais belo, verdadeiro e real do que termos Cristo como base de nossa constituição humana. Ser enraizados em Cristo é buscar nele, além da segurança, o alimento para o nosso crescimento. Edificar-se nele é construir tudo aquilo que somos, nossa razão, sentimentos, relações e personalidade sob seus ensinamentos e práticas: eis os passos para uma firmeza na fé.

É na tentativa de despertar nossa juventude para a urgência de buscarmos a Cristo que a Igreja Católica nesse ano de 2011 propõe essa passagem de São Paulo como tema da Jornada Mundial da Juventude.

Como primeiro passo enquanto jovens devemos nos perguntar: Quais são nossas raízes? Onde tenho buscado minha segurança? Diante de um mundo movido pelo hedonismo e por uma inversão de valores, nós jovens nos vemos perdidos e inseguros, pois tudo aquilo que o mundo nos oferece passa rápido demais: se busco refúgio nas drogas ou no álcool, sei que, em questão de horas, minha felicidade se foi com o efeito das mesmas. Se me refugio no prazer desenfreado e me deixo levar pelo simples desejo, deparo-me com a velhice quando geralmente, aquilo que temos por “padrão de beleza” deixa de existir. Se me deixo levar por falsas filosofias e tiro Deus de minha vida, percebo na hora da doença, da desilusão, das perdas e do sofrimento que não tenho forças, pois resolvi tirar de meu coração aquele que é minha fortaleza.

É difícil ser jovem hoje. É difícil ser verdadeiramente Jovem, feliz, humano e virtuoso. O conhecido filósofo Rousseau já nos dizia que “Em vão buscaremos ao longe a felicidade, se não a cultivarmos dentro de nós mesmos.” Isso porque, quando colocamos fora de nós nossa felicidade, nos tornamos dependentes e ficamos sujeitos aos acontecimentos da vida, escravizados e sem controle na construção de nossa personalidade, daquilo que nos faz sermos o que somos. É por isso que a proposta paulina é uma luz, não somente para os jovens mas para todas as pessoas, a buscarem edificar-se na inabalável pedra angular, que é Jesus Cristo.

“Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. É como a árvore plantada perto da água, a qual estende as raízes para a corrente; não teme quando vem o calor, a sua folhagem fica sempre verdejante. Não a inquieta a seca de um ano; continua a produzir frutos» (Jr 17, 7-8). É por isso que todo aquele que firma sua fé em Jesus, mesmo que esteja sufocado pelo deserto da vida e a secura das relações humanas, nunca terá sede e jamais deixará de crescer. Basta que elevemos a Cristo a mesma súplica feita pela Samaritana: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede” (Jo 4, 15), e nossas raízes terão forças suficientes para um aprofundamento nesse amor sem limites que o próprio Deus não se cansa de nos doar e que teve por ápice a entrega de Cristo na Cruz.

E a Cruz, vai nos dizer o Santo Padre Bento XVI em sua mensagem para a Jornada Mundial da Juventude: “Muitas vezes a Cruz assusta-nos, porque parece ser a negação da vida. Na realidade, é o contrário! Ela é o «sim» de Deus ao homem, a expressão máxima do seu amor e a nascente da qual brota a vida eterna. De fato, do coração aberto de Jesus na cruz brotou esta vida divina, sempre disponível para quem aceita erguer os olhos para o Crucificado. Portanto, não posso deixar de vos convidar a aceitar a Cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova.”

O que deveria nos amedrontar não é a Cruz de Cristo, nem mesmo as nossas cruzes cotidianas, porque elas são sinais da batalha e das conquistas honestas, frutos de uma árdua caminhada que nos purifica e edifica, mas deveríamos, sim, ter medo dos frutos de uma vida fácil e sem sacrifícios que muita das vezes nos são ofertados pelo demônio e suas seduções. Ele sim, o demônio, é inimigo da Cruz de Cristo, porque ela não se resume em símbolo de tristeza e morte, mas, acima de tudo, de vitória e vida.

Caros jovens, não devemos desanimar diante dos sofrimentos e dificuldades; ao contrário, só podemos realizar nossos sonhos quando estamos de pés firmes ao chão, e para sonharmos um grande futuro e grandes conquistas devemos ter nossas raízes alimentadas em Cristo. Quando o poeta brasileiro Fernando Pessoa nos diz que “o homem é do tamanho de seu sonho”, ele nos possibilita sermos grandes ou pequenos demais, e tal característica está em nossas mãos, em nossa capacidade de sonhar. E para nós cristãos ser grandes, ser imensos é sermos embasados no amor de Jesus. O apóstolo João nos diz: “Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1Jo 5, 5).

Enquanto jovens somos sonhadores, enquanto sonhadores devemos ser persistentes, sendo persistentes vencemos e se vencemos é porque cremos em Jesus Cristo; logo, a conquista de nossos sonhos não pode estar nas coisas temporais mas, antes, nas coisas divinas e, para sermos grandes vencedores, devemos estar “enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”: eis o significado de ser jovem no século XXI.

Seminarista Douglas Willian Ferreira

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