sexta-feira, 13 de maio de 2011

João Paulo II e a sua vocação




Caros amigos que acompanham o blog do Seminário São Tiago, gostaria de compartilhar com vocês a leitura de alguns trechos de um livro, infelizmente não tão conhecido: “Dom e Mistério” (1996), neste livro Karol Wojtyla, hoje proclamado pela Igreja Beato João Paulo II, autor do livro, diz: “[...] deixei-me levar livremente ao sabor das lembranças, sem qualquer preocupação de ordem documental [...] o que fica dito pertence às minhas raízes profundas, à minha experiência mais íntima.” ( JOÃO PAULO II, 1996, p.5).

Este livro é uma resposta a uma solicitação que lhe fizeram, ele nos esclarece melhor esta história: “[...] me foi solicitado com insistência que voltasse a tratar, mais amplamente, o tema da minha vocação, por ocasião agora do meu jubileu sacerdotal.” (JOÃO PAULO II, 1996, p.5). O livro é uma celebração ao seu cinquentenário de ordenação sacerdotal, nele o Papa revê seu caminho vocacional passando pelas etapas de vocacionado, seminarista até o sacerdócio.

Ele inicia o livro com uma pergunta “A história da minha vocação sacerdotal [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.9). E a resposta é de uma profundidade típica dos santos: “[...] É, sobretudo, Deus quem a conhece [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.9). Ele ressalta que a nossa vocação é mistério! É Dom gratuito! (lembremos o título do livro), ela é sempre maior que nossa compreensão humana, tanto como seminarista, padre, vocacionado, nenhum de nós a compreende por completo, ela sempre está sob nevoas da intimidade e eleição do Senhor, mas, Lolek diz que os vocacionados devem sempre compreender algo muito bem: “[...] perante a grandeza deste dom, sentimos a nossa inaptidão [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.9).

Na citação acima está, irmãos, algo essencial à nossa vocação, a consciência de que sempre somos inaptos, limitados, inúteis e talvez as pessoas mais inadequadas para exercer tão grande missão confiada a nós por Deus; Esta consciência deve estar sempre muito viva na alma dos vocacionados, seminaristas, padres, bispos, Somos verdadeiramente inaptos, e por isso mesmo devemos confiar totalmente em Deus, e não em nossas próprias forças. Temos a necessidade do outro para nos ajudar em nossa caminhada vocacional, precisamos de amigos e amigas sinceras, da nossa família, de nosso pároco, dos nossos reitores, formadores, do Bispo, de todo o povo de Deus. Cada pessoa é essencial para vencermos as nossas fraquezas e inaptidões. Sobretudo no seminário como é bom contar com amigos sinceros e verdadeiros que nos ajudam na caminhada e na luta do dia a dia, para que sejamos dignos de servir à Igreja e ao povo de Deus.

Não pretendo comentar o livro todo, o livro é de linguagem fácil bem coloquial com apenas 117 páginas, quero despertar o interesse pela leitura do livro, que é de grande utilidade para o discernimento vocacional e o desenvolvimento espiritual.
O Beato João Paulo II entrou no seminário com 22 anos: “[...] no outono de 1942, tomei a decisão definitiva de entrar no seminário de Cracóvia, que funcionava clandestinamente [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.21). Mas antes de sua entrada no seminário ele nos fala do seu período de discernimento vocacional, de seus primeiros sinais de vocação, e de suas dúvidas e sua paixão pelo teatro, literatura que o orientava para outros caminhos, ele mesmo narra isto:

O arcebispo [...] visitou a paróquia de Wadowice quando eu era estudante do Liceu. O meu professor de religião, Pe. Edward Zacher confiou-me o encargo de lhe dar boas vindas [...] Sei que depois de meu discurso, o arcebispo perguntou ao professor de religião que faculdade eu escolheria, no final do curso secundário. Pe Zacher respondeu ‘Irá estudar filologia polonesa’. O prelado teria respondido: ‘Que pena não ser a teologia’ (JOÃO PAULO II, 1996, p.9).



O Beato João Paulo II reconhece que naquele período, ele não tinha grande amadurecimento da sua vocação, a vocação é sempre um processo de se conhecer e conhecer a Deus, portanto um processo de maturidade progressiva que não deve ser interrompida. Aquele que é chamado por Deus cresce em maturidade e sensibilidade diante das necessidades da Igreja e do povo de Deus, neste sentido karol diz:

Naquele período da minha vida, a vocação sacerdotal ainda não tinha amadurecido, apesar de não faltar, em torno de mim, quem achasse que eu deveria entrar no seminário. E alguém terá mesmo pensado que, se um jovem com inclinações religiosas tão claras, não entrava no seminário era sinal que estava em jogo outros amores e predileções. De fato na escola eu tinha muitos colegas e, comprometido como estava no círculo teatral escolar, tinha as mais variadas possibilidades de encontro com rapazes e moças. Mas o problema não era esse, naquele período, estava absorvido, sobretudo com a paixão pela literatura, particularmente pelo drama e pelo teatro [...] (JOÃO PAULO II, 1996, p.10/11).

Como vemos o reconhecimento do chamado de Deus é um processo lento, é um apaixonar-se mais e mais pelo Senhor da messe, e a partir daí querer livremente se entregar à causa de Jesus Cristo. Como vimos nestes trechos do livro Dom e Mistério, o Beato João Paulo II teve um período de tempo de discernimento e entrega gradativa à vontade de Deus.

Quero terminar aqui a reflexão, espero que estes trechos do livro se tornem ajuda para todos e desperte a vontade de ler este livro, sobretudo nos vocacionados, seminaristas e todo o clero, recomendo vivamente a leitura do livro “Dom e Mistério” que é sem dúvida um grande auxílio para a inspiração e o discernimento vocacional.

Beato João Paulo II, rogai por nós, por todos os vocacionados, seminaristas, padres, por nosso bispo e toda Diocese de São João Del-Rei, hoje e sempre. Amém.

Seminarista Wiler Geraldo da Silva


P.S. Aqui um link para download do livro, no site da Arquidiocese de Braga em Portugal: http://www.fazsentido.com.pt/index.php?p=/conteudo.php&cod=83&sec=7


Referências bibliográficas:

JOÃO PAULO II, Papa. Dom e Mistério: por ocasião do 50° aniversário da minha ordenação sacerdotal. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 1996. 117p. Tradução de: "Dono e mistero: nel 50° del mio sacerdozio."

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