sábado, 19 de novembro de 2011

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO: O PODER A SERVIÇO DO AMOR E DO REINO

No domingo dia 20 de Novembro, a Igreja celebra a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do universo, que também é conhecida como festa de Cristo Rei, finalizando assim o ano litúrgico. Nesta solenidade somos convidados a refletir sobre a dimensão do poder, os benefícios e malefícios que ele pode nos trazer, pois ele pode ser usado tanto para o bem como para o mal.
Jesus Cristo mesmo com a autoridade que possuía, não se deixou ser dominado por ela, pois ele se humilhou e se fez obediente até a morte e morte de cruz  (Fl. 2,8). Para que? Para nos mostrar que o poder pode ser usado também para anunciar o amor, o bem, o reino de Deus. Será que se nós tivermos a posse de determinado poder saberíamos usá-lo corretamente? Podemos sim, usar o poder de forma correta se pensarmos que o poder não é para o nosso próprio benefício, nossa satisfação pessoal e sim para fazer dele um instrumento para anunciar a verdade, a justiça, o amor e a paz em nossa sociedade.
Partindo desta reflexão sobre a Festa de Cristo Rei e a dimensão do poder gostaria de refletir um pouco sobre algumas personagens da história que as vezes nos passam despercebidas. A Igreja celebra neste mês de Novembro duas santas que nos dão uma ideia de como podemos usar o poder de modo sábio: Santa Margarida da Escócia (dia de 16/11) e Santa Isabel da Hungria (dia 17/11). Estas duas mulheres aprenderam que o poder é um instrumento para melhorar a vida de nossos irmãos e irmãs, e não para melhorar a nossa vida.   Uma delas, Santa Isabel da Hungria (1207- 1231) descendente de nobres, deixou de lado a riqueza e o poder após a perda prematura de seu marido, o rei Luís IV, para se dedicar exclusivamente às obras de caridade. Construiu um hospital onde ela mesma servia os enfermos.
Dentre tantos outros membros da nobreza que se destacaram visivelmente pela sua santidade assim como Santa Isabel da Hungria, gostaria de fazer uma breve menção à Santa Margarida da Escócia (1046 - 1093). Exemplo admirável de mãe e rainha. Ela soube também usar do poder para fazer com que o Evangelho de Nosso Senhor, se fizesse presente no meio do povo não somente por palavras, mas também por ações.
Margarida era uma rainha “piedosa e varonil ao mesmo tempo. Cavalgava gentilmente entre os magnatas, tecia e bordava entre as damas, rezava entre os monges, discutia entre os sábios, e entre os artistas planejava projetos de catedrais e de mosteiros” ¹. Se fizermos uma breve pesquisa da vida desta santa veremos que ela fez de seu poder de rainha um instrumento de amor para fazer a vida de seus súditos um pouco mais feliz dando-lhes amor, carinho, aparando-os em suas necessidades. Diariamente servia com suas próprias mãos a comida a nove meninas órfãs e a 24 anciãos. Durante o Advento e a Quaresma, atendia com o rei, ambos de joelhos, por respeito a Nosso Senhor Jesus Cristo em seus membros padecentes, a 300 pobres, servindo-lhes comida da mesa real. Também diariamente a rainha saía pelas ruas, sendo rodeada então por inúmeros órfãos, viúvas e necessitados de toda espécie, que clamavam: “Rainha santa, socorrei-nos”, “Ó nossa mãe, assisti-nos”. E ela a todos socorria, mesmo que para isso tivesse que pedir também aos membros da sua comitiva algo com o que ajudar àquela gente. Regularmente visitava os hospitais para socorrer os doentes pobres. Os devedores insolventes encontravam nela seu auxílio. Resgatava cativos, não só escoceses, mas também de outras nacionalidades. Enfim, não houve miséria física ou moral que ela não tivesse socorrido. E ainda mais, se fez um exemplo de pessoa, não só para o seu povo, mas também para qualquer autoridade.
Santa Margarida da Escócia colocou Jesus Cristo no centro da sua vida e do seu poder. Não se deixou dominar pelo poder que possuía. Com ajuda de sua santa esposa, a rainha Margarida, o Rei Malcolm III fez do seu reinado um dos mais felizes e prósperos da Escócia. Progresso este devido a Santa Margarida.
Nesta Festa de Cristo Rei somos convidados a pensarmos se também nós estamos colocando Jesus não somente como Rei do universo, mas como Rei das nossas vidas, dos nossos corações, para que através de nós ele possa exercer seu reinado de amor, paz e justiça sobre todos os homens e mulheres assim como ele fez através da vida de Santa Margarida da Escócia.

¹. Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, tomo II, p. 579.


Seminarista Tiago Magela de Oliveira Zacarias

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