terça-feira, 30 de agosto de 2011

III Encontro Vocacional do ano de 2011

Nos dias 26, 27 e 28 do mês de agosto ocorreu no Seminário São Tiago – Propedêutico e Filosofia o III Encontro Vocacional do ano de 2011.

O encontro iniciou-se na tarde de sexta-feira (26) com um momento de grupo com a Ivânia (psicóloga da Casa de Formação de São João del Rei). Após o encontro com a psicóloga o Sr. Bispo Diocesano Dom Frei Célio acolheu a todos os encontristas e dirigiu a eles palavras de ânimo e também os incentivou a prática da leitura orante da Palavra de Deus.

Durante o encontro ocorreram diversas palestras com o objetivo de ajudar os vocacionados a discernirem melhor sua vocação. No sábado pela manhã deram sua contribuição para o encontro o casal Neide e Luiz da Paróquia da Imaculada Conceição, da Colônia do Marçal dando seu testemunho de vida matrimonial e de serviço à Igreja. Pe. Márcio César Ferreira (Vigário paroquial da Paróquia de São José – Tejuco) também deu sua colaboração com uma palestra sobre Vocação Diocesana e Vocação Religiosa. Na tarde de sábado Tatiene Ciribelli (psicóloga da Casa de Formação de Juiz de Fora) fez uma dinâmica com os encontristas.

Durante o encontro foi proporcionado aos jovens momentos de esporte e lazer favorecendo assim o vínculo de amizade entre eles.

No domingo Pe. Álisson André Sacramento (Reitor do Seminário) presidiu a Celebração da Santa Missa às 11:00hs encerrando assim o encontro. Pe. Álisson destacou a importância do encontro vocacional e fez o convite aos jovens para o próximo encontro que será realizado no primeiro final de semana do mês de novembro.

Seminarista Jorge Wilson Carvalho Fonseca

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vocação: um desafio de Amor


Caro jovem, venha participar do nosso próximo Encontro Vocacional e busque fazer uma reflexão a respeito da sua vida e o chamado que o Senhor lhe faz. Terá início na próxima sexta-feira, dia 26 de agosto, terminando no domingo, dia 28. Mais informações pelo e-mail: seminariost@mgconecta.com.br.



Vocação é uma palavra que vem do latim “vocare” cujo significado é “chamado”. O chamado é sempre uma iniciativa de Deus.

Deus não chama diretamente. Ele usa meios para chamar, geralmente acontecimentos ou pessoas, como, por exemplo, Jesus chamou os apóstolos (Lc 5,27-28). Após a ressurreição estando os apóstolos apenas com onze membros, devido a saída de Judas, e sendo da vontade deles continuarem com a mesma quantidade deixada por Jesus, fizeram um sorteio “e a sorte caiu em Matias” (At 1,26).

Da pessoa chamada depende uma resposta livre, para que a vocação se concretize. O ser humano tem uma vocação natural, ele é chamado à vida, a primeira e maior vocação. A palavra vocação sempre nos direciona a uma missão: somos chamados a realizar aquilo que Deus nos confia.

Deus deixou toda a criação aos cuidados do ser humano, vocacionando-o ao amor, à união e à multiplicação da espécie humana, mas para isso é necessário que o homem e a mulher estejam em comunhão com a Trindade Santa; além disso, existem várias vocações, entre elas a vocação cristã. Pelo Batismo somos convidados a seguir a Jesus Cristo. “Pelo Batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6,4).

Ele também chama à vocação leiga, a testemunhar a fé no mundo secular: na família, na escola, nos lugares onde vive e se relaciona.

O casamento é uma vocação bem definida dentro da Igreja. O amor é um caminho para Deus e ajuda os casais na sublime missão da maternidade e paternidade.

A família cristã é como uma Igreja em miniatura: esta a serviço da evangelização dos homens. Como disse, em certa ocasião o Beato João Paulo II, “A família é o santuário da vida”.

Pela vocação sacerdotal, o padre é alguém escolhido no meio do povo para servir ao povo. “Em verdade todo pontífice é escolhido entre o povo e constituído a favor dos homens, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (Hb 5,1). O papel do sacerdote é continuar a missão de Jesus Cristo, o único e verdadeiro Sacerdote.

De fato pertencemos ao povo de Deus, que é a Igreja, e, por natureza, o homem é um ser religioso, porque provém de Deus e para ele caminha.

“Deus me é testemunha da ternura que vos consagro a todos, pelo entranhado amor de Jesus Cristo! Peço, na minha oração que a vossa caridade se enriqueça cada vez mais de compreensão e critério, com que possais discernir o que é mais perfeito e vos torneis puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo.” (Fl 1,8-10).

Seminarista Wagner Vinícius Calçavara

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

“Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” - Cl 2,7




Nesta passagem bíblica, São Paulo sintetiza nossa identidade cristã. Nada mais belo, verdadeiro e real do que termos Cristo como base de nossa constituição humana. Ser enraizados em Cristo é buscar nele, além da segurança, o alimento para o nosso crescimento. Edificar-se nele é construir tudo aquilo que somos, nossa razão, sentimentos, relações e personalidade sob seus ensinamentos e práticas: eis os passos para uma firmeza na fé.

É na tentativa de despertar nossa juventude para a urgência de buscarmos a Cristo que a Igreja Católica nesse ano de 2011 propõe essa passagem de São Paulo como tema da Jornada Mundial da Juventude.

Como primeiro passo enquanto jovens devemos nos perguntar: Quais são nossas raízes? Onde tenho buscado minha segurança? Diante de um mundo movido pelo hedonismo e por uma inversão de valores, nós jovens nos vemos perdidos e inseguros, pois tudo aquilo que o mundo nos oferece passa rápido demais: se busco refúgio nas drogas ou no álcool, sei que, em questão de horas, minha felicidade se foi com o efeito das mesmas. Se me refugio no prazer desenfreado e me deixo levar pelo simples desejo, deparo-me com a velhice quando geralmente, aquilo que temos por “padrão de beleza” deixa de existir. Se me deixo levar por falsas filosofias e tiro Deus de minha vida, percebo na hora da doença, da desilusão, das perdas e do sofrimento que não tenho forças, pois resolvi tirar de meu coração aquele que é minha fortaleza.

É difícil ser jovem hoje. É difícil ser verdadeiramente Jovem, feliz, humano e virtuoso. O conhecido filósofo Rousseau já nos dizia que “Em vão buscaremos ao longe a felicidade, se não a cultivarmos dentro de nós mesmos.” Isso porque, quando colocamos fora de nós nossa felicidade, nos tornamos dependentes e ficamos sujeitos aos acontecimentos da vida, escravizados e sem controle na construção de nossa personalidade, daquilo que nos faz sermos o que somos. É por isso que a proposta paulina é uma luz, não somente para os jovens mas para todas as pessoas, a buscarem edificar-se na inabalável pedra angular, que é Jesus Cristo.

“Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. É como a árvore plantada perto da água, a qual estende as raízes para a corrente; não teme quando vem o calor, a sua folhagem fica sempre verdejante. Não a inquieta a seca de um ano; continua a produzir frutos» (Jr 17, 7-8). É por isso que todo aquele que firma sua fé em Jesus, mesmo que esteja sufocado pelo deserto da vida e a secura das relações humanas, nunca terá sede e jamais deixará de crescer. Basta que elevemos a Cristo a mesma súplica feita pela Samaritana: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede” (Jo 4, 15), e nossas raízes terão forças suficientes para um aprofundamento nesse amor sem limites que o próprio Deus não se cansa de nos doar e que teve por ápice a entrega de Cristo na Cruz.

E a Cruz, vai nos dizer o Santo Padre Bento XVI em sua mensagem para a Jornada Mundial da Juventude: “Muitas vezes a Cruz assusta-nos, porque parece ser a negação da vida. Na realidade, é o contrário! Ela é o «sim» de Deus ao homem, a expressão máxima do seu amor e a nascente da qual brota a vida eterna. De fato, do coração aberto de Jesus na cruz brotou esta vida divina, sempre disponível para quem aceita erguer os olhos para o Crucificado. Portanto, não posso deixar de vos convidar a aceitar a Cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova.”

O que deveria nos amedrontar não é a Cruz de Cristo, nem mesmo as nossas cruzes cotidianas, porque elas são sinais da batalha e das conquistas honestas, frutos de uma árdua caminhada que nos purifica e edifica, mas deveríamos, sim, ter medo dos frutos de uma vida fácil e sem sacrifícios que muita das vezes nos são ofertados pelo demônio e suas seduções. Ele sim, o demônio, é inimigo da Cruz de Cristo, porque ela não se resume em símbolo de tristeza e morte, mas, acima de tudo, de vitória e vida.

Caros jovens, não devemos desanimar diante dos sofrimentos e dificuldades; ao contrário, só podemos realizar nossos sonhos quando estamos de pés firmes ao chão, e para sonharmos um grande futuro e grandes conquistas devemos ter nossas raízes alimentadas em Cristo. Quando o poeta brasileiro Fernando Pessoa nos diz que “o homem é do tamanho de seu sonho”, ele nos possibilita sermos grandes ou pequenos demais, e tal característica está em nossas mãos, em nossa capacidade de sonhar. E para nós cristãos ser grandes, ser imensos é sermos embasados no amor de Jesus. O apóstolo João nos diz: “Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1Jo 5, 5).

Enquanto jovens somos sonhadores, enquanto sonhadores devemos ser persistentes, sendo persistentes vencemos e se vencemos é porque cremos em Jesus Cristo; logo, a conquista de nossos sonhos não pode estar nas coisas temporais mas, antes, nas coisas divinas e, para sermos grandes vencedores, devemos estar “enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”: eis o significado de ser jovem no século XXI.

Seminarista Douglas Willian Ferreira

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mensagem do Papa Bento XVI para a Jornada Mundial da Juventude






«Enraizados e edificados n’Ele... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7).

Queridos amigos!

Penso com frequência na Jornada Mundial da Juventude de Sidney de 2008. Lá vivemos uma grande festa da fé, durante a qual o Espírito de Deus agiu com força, criando uma comunhão intensa entre os participantes, que vieram de todas as partes do mundo. Aquele encontro, assim como os precedentes, deu frutos abundantes na vida de numerosos jovens e de toda a Igreja. Agora, o nosso olhar dirige-se para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que terá lugar em Madrid em Agosto de 2011. Já em 1989, poucos meses antes da histórica derrocada do Muro de Berlim, a peregrinação dos jovens fez etapa na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, num momento em que a Europa tem grande necessidade de reencontrar as suas raízes cristãs, marcamos encontro em Madrid, com o tema: «Enraizados e edificados em Cristo... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7). Por conseguinte, convido-vos para este encontro tão importante para a Igreja na Europa e para a Igreja universal. E gostaria que todos os jovens, quer os que compartilham a nossa fé em Jesus Cristo, quer todos os que hesitam, que estão na dúvida ou não crêem n’Ele, possam viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo e do seu amor por todos nós.

Na nascente das vossas maiores aspirações!

1. Em todas as épocas, também nos nossos dias, numerosos jovens sentem o desejo profundo de que as relações entre as pessoas sejam vividas na verdade e na solidariedade. Muitos manifestam a aspiração por construir relacionamentos de amizade autêntica, por conhecer o verdadeiro amor, por fundar uma família unida, por alcançar uma estabilidade pessoal e uma segurança real, que possam garantir um futuro sereno e feliz. Certamente, recordando a minha juventude, sei que estabilidade e segurança não são as questões que ocupam mais a mente dos jovens. Sim, a procura de um posto de trabalho e com ele poder ter uma certeza é um problema grande e urgente, mas ao mesmo tempo a juventude permanece contudo a idade na qual se está em busca da vida maior. Se penso nos meus anos de então: simplesmente não nos queríamos perder na normalidade da vida burguesa. Queríamos o que é grande, novo. Queríamos encontrar a própria vida na sua vastidão e beleza. Certamente, isto dependia também da nossa situação. Durante a ditadura nacional-socialista e durante a guerra nós fomos, por assim dizer, «aprisionados» pelo poder dominante. Por conseguinte, queríamos sair fora para entrar na amplidão das possibilidades do ser homem. Mas penso que, num certo sentido, todas as gerações sentem este impulso de ir além do habitual. Faz parte do ser jovem desejar algo mais do que a vida quotidiana regular de um emprego seguro e sentir o anseio pelo que é realmente grande. Trata-se apenas de um sonho vazio que esvaece quando nos tornamos adultos? Não, o homem é verdadeiramente criado para aquilo que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente. Santo Agostinho tinha razão: o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti. O desejo da vida maior é um sinal do fato que foi Ele quem nos criou, de que temos a Sua «marca». Deus é vida, e por isso todas as criaturas tendem para a vida; de maneira única e especial a pessoa humana, feita à imagem de Deus, aspira pelo amor, pela alegria e pela paz. Compreendemos então que é um contra-senso pretender eliminar Deus para fazer viver o homem! Deus é a fonte da vida; eliminá-lo equivale a separar-se desta fonte e, inevitavelmente, a privar-se da plenitude e da alegria: «De fato, sem o Criador a criatura esvaece» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 36). A cultura atual, em algumas áreas do mundo, sobretudo no Ocidente, tende a excluir Deus, ou a considerar a fé como um fato privado, sem qualquer relevância para a vida social. Mas o conjunto de valores que estão na base da sociedade provém do Evangelho — como o sentido da dignidade da pessoa, da solidariedade, do trabalho e da família — constata-se uma espécie de «eclipse de Deus», uma certa amnésia, ou até uma verdadeira rejeição do Cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de perder a própria identidade profunda.

Por este motivo, queridos amigos, convido-vos a intensificar o vosso caminho de fé em Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Vós sois o futuro da sociedade e da Igreja! Como escrevia o apóstolo Paulo aos cristãos da cidade de Colossos, é vital ter raízes, bases sólidas! E isto é particularmente verdadeiro hoje, quando muitos não têm pontos de referência estáveis para construir a sua vida, tornando-se assim profundamente inseguros. O relativismo difundido, segundo o qual tudo equivale e não existe verdade alguma, nem qualquer ponto de referência absoluto, não gera a verdadeira liberdade, mas instabilidade, desorientação, conformismo às modas do momento. Vós jovens tendes direito de receber das gerações que vos precedem pontos firmes para fazer as vossas opções e construir a vossa vida, do mesmo modo como uma jovem planta precisa de um sólido apoio para que as raízes cresçam, para se tornar depois uma árvore robusta, capaz de dar fruto.

Enraizados e fundados em Cristo

2. Para ressaltar a importância da fé na vida dos crentes, gostaria de me deter sobre cada uma das três palavras que São Paulo usa nesta sua expressão: «Enraizados e fundados em Cristo... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7). Nela podemos ver três imagens: «enraizado» recorda a árvore e as raízes que a alimentam; «fundado» refere-se à construção de uma casa; «firme» evoca o crescimento da força física e moral. Trata-se de imagens muito eloquentes. Antes de as comentar, deve-se observar simplesmente que no texto original as três palavras, sob o ponto de vista gramatical, estão no passivo: isto significa que é o próprio Cristo quem toma a iniciativa de radicar, fundar e tornar firmes os crentes.

A primeira imagem é a da árvore, firmemente plantada no solo através das raízes, que a tornam estável e a alimentam. Sem raízes, seria arrastada pelo vento e morreria. Quais são as nossas raízes? Naturalmente, os pais, a família e a cultura do nosso país, que são uma componente muito importante da nossa identidade. A Bíblia revela outra. O profeta Jeremias escreve: «Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. É como a árvore plantada perto da água, a qual estende as raízes para a corrente; não teme quando vem o calor, a sua folhagem fica sempre verdejante. Não a inquieta a seca de um ano; continua a produzir frutos» (Jr 17, 7-8). Estender as raízes, para o profeta, significa ter confiança em Deus. D’Ele obtemos a nossa vida; sem Ele não poderíamos viver verdadeiramente. «Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho» (1 Jo 5, 11). O próprio Jesus apresenta-se como nossa vida (cf. Jo 14, 6). Por isso a fé cristã não é só crer em verdades, mas é antes de tudo uma relação pessoal com Jesus Cristo, é o encontro com o Filho de Deus, que dá a toda a existência um novo dinamismo. Quando entramos em relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos a nossa identidade e, na sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude. Há um momento, quando somos jovens, em que cada um de nós se pergunta: que sentido tem a minha vida, que finalidade, que orientação lhe devo dar? É uma fase fundamental, que pode perturbar o ânimo, às vezes também por muito tempo. Pensa-se no tipo de trabalho a empreender, quais relações sociais estabelecer, que afetos desenvolver... Neste contexto, penso de novo na minha juventude. De certa forma muito cedo tive a consciência de que o Senhor me queria sacerdote. Mais tarde, depois da Guerra, quando no seminário e na universidade eu estava a caminho para esta meta, tive que reconquistar esta certeza. Tive que me perguntar: é este verdadeiramente o meu caminho? É esta a vontade do Senhor para mim? Serei capaz de Lhe permanecer fiel e de estar totalmente disponível para Ele, ao Seu serviço? Uma decisão como esta deve ser também sofrida. Não pode ser de outra forma. Mas depois surgiu a certeza: é bem assim! Sim, o Senhor quer-me, por isso também me dará a força. Ao ouvi-Lo, ao caminhar juntamente com Ele torno-me de verdade eu mesmo. Não conta a realização dos meus próprios desejos, mas a Sua vontade. Assim a vida torna-se autêntica.

Tal como as raízes da árvore a mantêm firmemente plantada na terra, também os fundamentos dão à casa uma estabilidade duradoura. Mediante a fé, nós somos fundados em Cristo (cf. Cl 2, 7), como uma casa é construída sobre os fundamentos. Na história sagrada temos numerosos exemplos de santos que edificaram a sua vida sobre a Palavra de Deus. O primeiro foi Abraão. O nosso pai na fé obedeceu a Deus que lhe pedia para deixar a casa paterna a fim de se encaminhar para uma terra desconhecida. «Abraão acreditou em Deus e isso foi-lhe atribuído à conta de justiça e foi chamado amigo de Deus» (Tg 2, 23). Estar fundados em Cristo significa responder concretamente à chamada de Deus, confiando n’Ele e pondo em prática a sua Palavra. O próprio Jesus admoesta os seus discípulos: «Porque me chamais: “Senhor, Senhor” e não fazeis o que Eu digo?» (Lc 6, 46). E, recorrendo à imagem da construção da casa, acrescenta: «todo aquele que vem ter Comigo, escuta as Minhas palavras e as põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa: Cavou, aprofundou e assentou os alicerces sobre a rocha. Sobreveio a inundação, a torrente arremessou-se com violência contra aquela casa e não pôde abalá-la por ter sido bem construída» (Lc 6, 47-48).

Queridos amigos, construí a vossa casa sobre a rocha, como o homem que «cavou muito profundamente». Procurai também vós, todos os dias, seguir a Palavra de Cristo. Senti-O como o verdadeiro Amigo com o qual partilhar o caminho da vossa vida. Com Ele ao vosso lado sereis capazes de enfrentar com coragem e esperança as dificuldades, os problemas, também as desilusões e as derrotas. São-vos apresentadas continuamente propostas mais fáceis, mas vós mesmos vos apercebeis que se revelam enganadoras, que não vos dão serenidade e alegria. Só a Palavra de Deus nos indica o caminho autêntico, só a fé que nos foi transmitida é a luz que ilumina o caminho. Acolhei com gratidão este dom espiritual que recebestes das vossas famílias e comprometei-vos a responder com responsabilidade à chamada de Deus, tornando-vos adultos na fé. Não acrediteis em quantos vos dizem que não tendes necessidade dos outros para construir a vossa vida! Ao contrário, apoiai-vos na fé dos vossos familiares, na fé da Igreja, e agradecei ao Senhor por a ter recebido e feito vossa!

Firmes na fé

3. «Enraizados e fundados em Cristo... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7). A Carta da qual é tirado este convite, foi escrita por São Paulo para responder a uma necessidade precisa dos cristãos da cidade de Colossos. Com efeito, aquela comunidade estava ameaçada pela influência de determinadas tendências culturais da época, que afastavam os fieis do Evangelho. O nosso contexto cultural, queridos jovens, tem numerosas analogias com o tempo dos Colossenses daquela época. De fato, há uma forte corrente de pensamento laicista que pretende marginalizar Deus da vida das pessoas e da sociedade, perspectivando e tentando criar um «paraíso» sem Ele. Mas a experiência ensina que o mundo sem Deus se torna um «inferno»: prevalecem os egoísmos, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e entre os povos, a falta de amor, de alegria e de esperança. Ao contrário, onde as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, o adoram na verdade e ouvem a sua voz, constrói-se concretamente a civilização do amor, na qual todos são respeitados na sua dignidade, cresce a comunhão, com os frutos que ela dá. Contudo existem cristãos que se deixam seduzir pelo modo de pensar laicista, ou são atraídos por correntes religiosas que afastam da fé em Jesus Cristo. Outros, sem aderir a estas chamadas, simplesmente deixaram esmorecer a sua fé, com inevitáveis consequências negativas a nível moral.

Aos irmãos contagiados por ideias alheias ao Evangelho, o apóstolo Paulo recorda o poder de Cristo morto e ressuscitado. Este mistério é o fundamento da nossa vida, o centro da fé cristã. Todas as filosofias que o ignoram, que o consideram «escândalo» (1 Cor 1, 23), mostram os seus limites diante das grandes perguntas que habitam o coração do homem. Por isso também eu, como Sucessor do apóstolo Pedro, desejo confirmar-vos na fé (cf. Lc 22, 32). Nós cremos firmemente que Jesus Cristo se ofereceu na Cruz para nos doar o seu amor; na sua paixão, carregou os nossos sofrimentos, assumiu sobre si os nossos pecados, obteve-nos o perdão e reconciliou-nos com Deus Pai, abrindo-nos o caminho da vida eterna. Deste modo fomos libertados do que mais entrava a nossa vida: a escravidão do pecado, e podemos amar a todos, até os inimigos, e partilhar este amor com os irmãos mais pobres e em dificuldade.

Queridos amigos, muitas vezes a Cruz assusta-nos, porque parece ser a negação da vida. Na realidade, é o contrário! Ela é o «sim» de Deus ao homem, a expressão máxima do seu amor e a nascente da qual brota a vida eterna. De fato, do coração aberto de Jesus na cruz brotou esta vida divina, sempre disponível para quem aceita erguer os olhos para o Crucificado. Portanto, não posso deixar de vos convidar a aceitar a Cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova. Fora de Cristo morto e ressuscitado, não há salvação! Só Ele pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino de justiça, de paz e de amor pelo qual todos aspiram.

Crer em Jesus Cristo sem o ver

4. No Evangelho é-nos descrita a experiência de fé do apóstolo Tomé ao acolher o mistério da Cruz e da Ressurreição de Cristo. Tomé faz parte dos Doze apóstolos; seguiu Jesus; foi testemunha direta das suas curas, dos milagres; ouviu as suas palavras; viveu a desorientação perante a sua morte. Na noite de Páscoa o Senhor apareceu aos discípulos, mas Tomé não estava presente, e quando lhe foi contado que Jesus estava vivo e se mostrou, declarou: «Se eu não vir o sinal dos cravos nas Suas mãos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e não meter a mão no Seu lado, não acreditarei» (Jo 20, 25).

Também nós gostaríamos de poder ver Jesus, de poder falar com Ele, de sentir ainda mais forte a sua presença. Hoje para muitos, o acesso a Jesus tornou-se difícil. Circulam tantas imagens de Jesus que se fazem passar por científicas e O privam da sua grandeza, da singularidade da Sua pessoa. Portanto, durante longos anos de estudo e meditação, maturou em mim o pensamento de transmitir um pouco do meu encontro pessoal com Jesus num livro: quase para ajudar a ver, a ouvir, a tocar o Senhor, no qual Deus veio ao nosso encontro para se dar a conhecer. De fato, o próprio Jesus aparecendo de novo aos discípulos depois de oito dias, diz a Tomé: «Chega aqui o teu dedo e vê as Minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no Meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel» (Jo 20, 27). Também nós temos a possibilidade de ter um contato sensível com Jesus, meter, por assim dizer, a mão nos sinais da sua Paixão, os sinais do seu amor: nos Sacramentos Ele torna-se particularmente próximo de nós, doa-se a nós. Queridos jovens, aprendei a «ver», a «encontrar» Jesus na Eucaristia, onde está presente e próximo até se fazer alimento para o nosso caminho; no Sacramento da Penitência, no qual o Senhor manifesta a sua misericórdia ao oferecer-nos sempre o seu perdão. Reconhecei e servi Jesus também nos pobres, nos doentes, nos irmãos que estão em dificuldade e precisam de ajuda.

Abri e cultivai um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Conhecei-o mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo da Igreja Católica; entrai em diálogo com Ele na oração, dai-lhe a vossa confiança: ele nunca a trairá! «Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n. 150). Assim podereis adquirir uma fé madura, sólida, que não estará unicamente fundada num sentimento religioso ou numa vaga recordação da catequese da vossa infância. Podereis conhecer Deus e viver autenticamente d’Ele, como o apóstolo Tomé, quando manifesta com força a sua fé em Jesus: «Meu Senhor e meu Deus!».

Amparados pela fé da Igreja para ser testemunhas

5. Naquele momento Jesus exclama: «Porque Me viste, acreditaste. Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditaram!» (Jo 20, 29). Ele pensa no caminho da Igreja, fundada sobre a fé das testemunhas oculares: os Apóstolos. Compreendemos então que a nossa fé pessoal em Cristo, nascida do diálogo com Ele, está ligada à fé da Igreja: não somos fieis isolados, mas, pelo Batismo, somos membros desta grande família, e é a fé professada pela Igreja que dá segurança à nossa fé pessoal. O credo que proclamamos na Missa dominical protege-nos precisamente do perigo de crer num Deus que não é o que Jesus nos revelou: «Cada fiel é, assim, um elo na grande cadeia dos fieis. Não posso crer sem ser motivado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para guiar os outros na fé» (Catecismo da Igreja Católica, n. 166). Agradeçamos sempre ao Senhor pelo dom da Igreja; ela faz-nos progredir com segurança na fé, que nos dá a vida verdadeira (cf. Jo 20, 31).

Na história da Igreja, os santos e os mártires hauriram da Cruz gloriosa de Cristo a força para serem fieis a Deus até à doação de si mesmos; na fé encontraram a força para vencer as próprias debilidades e superar qualquer adversidade. De fato, como diz o apóstolo João, «Quem é que vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é Filho de Deus?» (1 Jo 5, 5). E a vitória que nasce da fé é a do amor. Quantos cristãos foram e são um testemunho vivo da força da fé que se exprime na caridade; foram artífices de paz, promotores de justiça, animadores de um mundo mais humano, um mundo segundo Deus; comprometeram-se nos vários âmbitos da vida social, com competência e profissionalidade, contribuindo de modo eficaz para o bem de todos. A caridade que brota da fé levou-os a dar um testemunho muito concreto, nas ações e nas palavras: Cristo não é um bem só para nós próprios, é o bem mais precioso que temos para partilhar com os outros. Na era da globalização, sede testemunhas da esperança cristã em todo o mundo: são muitos os que desejam receber esta esperança! Diante do sepulcro do amigo Lázaro, morto havia quatro dias, Jesus, antes de o chamar de novo à vida, disse à sua irmã Marta: «Se acreditasses, verias a glória de Deus» (cf. Jo 11, 40). Também vós, se acreditardes, se souberdes viver e testemunhar a vossa fé todos os dias, tornar-vos-eis instrumentos para fazer reencontrar a outros jovens como vós o sentido e a alegria da vida, que nasce do encontro com Cristo!

Rumo à Jornada Mundial de Madrid

6. Amados jovens, a Igreja conta convosco! Precisa da vossa fé viva, da vossa caridade e do dinamismo da vossa esperança. A vossa presença renova a Igreja, rejuvenesce-a e confere-lhe renovado impulso. Por isso as Jornadas Mundiais da Juventude são uma graça não só para vós, mas para todo o Povo de Deus. A Igreja na Espanha está preparando-se ativamente para vos receber e para viver juntos a experiência jubilosa da fé. Agradeço às dioceses, às paróquias, aos santuários, às comunidades religiosas, às associações e aos movimentos eclesiais, que trabalham com generosidade na preparação deste acontecimento. O Senhor não deixará de os abençoar. A Virgem Maria acompanhe este caminho de preparação. Ela, ao anúncio do Anjo, acolheu com fé a Palavra de Deus; com fé consentiu a obra que Deus estava realizando nela. Pronunciando o seu «fiat», o seu «sim», recebeu o dom de uma caridade imensa, que a levou a doar-se totalmente a Deus. Interceda por cada um e cada uma de vós, para que na próxima Jornada Mundial possais crescer na fé e no amor. Garanto-vos a minha recordação paterna na oração e abençoo-vos de coração.

Vaticano, 6 de Agosto de 2010, Festa da Transfiguração do Senhor.


BENEDICTUS PP. XVI

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Assunção de Nossa Senhora e a Vocação Humana




Neste mês de Agosto, em que a Igreja nos leva a refletir com mais carinho e seriedade sobre as diversas vocações às quais somos chamados para desempenhar com total disponibilidade na Igreja, ajudando com amor na construção do Reino de Deus entre nós, também somos chamados a refletir sobre a nossa vocação mais sublime: a comunhão com Deus de forma definitiva.

E para isso celebra-se no dia 15 de Agosto, no Brasil de modo especial no domingo após o dia 15, caso este não caia em domingo, a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. O dogma da Assunção foi proclamado por Pio XII no dia 1º de novembro de 1950, através da bula “MUNIFICENTISSIMUS DEUS”, onde ele definia como matéria de fé pelas seguintes palavras: “ a Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".

Podemos dizer que esta solenidade da Assunção nos faz refletir sobre a realização do mistério Pascal na humanidade, pois como rezamos na oração coleta da missa da Vigília: “...nós que fomos salvos pelo mistério da redenção, sejamos elevados à vossa glória”. Pois, uma vez que fomos lavados do pecado pelo Sangue de Cristo e ressurgidos com ele para uma vida nova. Somos convidados a participar plenamente da comunhão celeste de forma definitiva. E a Virgem Maria, como aquela que colaborou de forma extremamente importante na redenção da humanidade, oferecendo seu ventre para que fosse gerado o autor da vida e destruidor do pecado, sem dúvida alguma ela também deveria participar dessa vitória sobre o pecado e sobre a morte sendo elevada de corpo e alma à glória celestial. E também não faria sentido que Jesus deixasse o corpo de sua Mãe Santíssima ser destruído no seio da terra.

Podemos lembrar também de um dos vários títulos de Nossa Senhora que se referem a sua assunção, o de Nossa Senhora da Boa Morte. Pode-nos a princípio soar estranho este título “Boa Morte”, mas é o que todos nós devemos almejar, ter uma boa partida para a Casa do Pai.

Mas para termos essa “boa partida” significa cumprir com a nossa missão de cristãos assumindo a vocação à qual cada um de nós foi chamado para participar na construção do Reino de Deus entre nós.

Assim, como Cristo ressuscitou dos mortos, também nós um dia ressurgiremos com ele, pois essa verdade de fé professamos no credo com as seguintes palavras: “...Creio na ressurreiçao da carne e na vida eterna. Amém.”

Roguemos, pois, à Virgem da Assunção que interceda por nós a Deus, nosso Senhor, para que ele nos dê força e coragem para podermos construir juntos o seu Reino que também é nosso (Or. Euc. V), e, assim sendo, trabalharmos na construção da nossa morada definitiva, a glória celestial.

Seminarista Tiago Magela de Oliveira Zacarias

sábado, 13 de agosto de 2011

“Assumpta est Maria in caelum”




“Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu”.


Com essas palavras, o Papa Pio XII proclamou, pela Constituição "Munificentissimus Deus", o dogma da Assunção da Beatíssima Virgem Maria.

A Virgem, Mãe do Senhor, é elevada à glória celeste. Ela, a Mãe do Filho de Deus feito homem, preservada da mancha de culpa do pecado original, quando terminada sua vida nesse mundo é levada pelos anjos para ser exaltada como a Rainha do Universo.

A Assunção da Santíssima Virgem revela para nós cristãos a alegria de não sermos criados para este mundo, mas sim para a pátria celeste. E para que se possa participar das maravilhas dessa morada tão almejada por todos é preciso primeiro deixar de alimentar a maldade em nossos corações, os prazeres que o mundo oferece e que tantas vezes nos tornam cúmplices, permitindo que o mal domine a grandeza do bem existente em nós.

Maria é bendita entre todas as mulheres, disse “sim” e cumpriu sua missão sendo fiel à vontade de seu Senhor. Mulher simples e atenta às coisas do alto, foi escolhida para ser a Mãe do Salvador, mulher de uma fé obediente à Palavra de Deus, capaz de um abandono total de si mesma pelo que lhe foi anunciado pelo Arcanjo Gabriel. Nisso meus caros jovens amigos, consiste a grandeza de Maria, que demonstrou viver verdadeiramente uma perfeita comunhão de amor com o seu Criador.

Maria nos convida a ter confiança em Deus e nos fazermos semelhantes a ela, que se fez sua serva e se colocou inteiramente à disposição. Maria Assunta ao Céu é sinal da vitória do amor, da vitória do bem. O Senhor engrandeceu o nome de Maria tornando-a conhecida por todas as gerações, engrandeceu de tal maneira que, no Céu, ela triunfa com seu amado Filho pelos séculos sem fim, toda resplandecente de beleza e glorificada pelos anjos.

Somente Deus pode recompensar uma vida verdadeiramente virtuosa, somente ele é capaz de encher a nossa alma de alegria pelos serviços aqui prestados. Maria, que agora contemplamos como a Rainha do Universo, foi o que somos atualmente, um ser humano. Teve uma vida comum, porém soube se ater às práticas das virtudes, da confiança em Deus, no amor ao próximo e na mansidão, mesmo passando pela provação do sofrimento.

Em um sermão de São João Damasceno sobre o mistério da ressurreição e Assunção de Nossa Senhora, ele nos diz: “Quando a alma da Santíssima Virgem se lhe separou do puríssimo corpo, os Apóstolos presentes em Jerusalém deram-lhe sepultura em uma gruta do Getsêmani. Tradição antiquíssima conta que, durante três dias, se ouviu doce cantar dos Anjos. Passados três dias não mais se ouviu o canto. Tendo entretanto chegado também Tomé e desejando ver e venerar o corpo, que tinha concebido o Filho de Deus, os Apóstolos abriram o túmulo, mas não acharam mais vestígio do corpo imaculado de Maria. Encontraram apenas as mortalhas que tinham envolvido o santo corpo e perfumes deliciosos enchiam o ambiente. Admirados de tão grande milagre, tornaram a fechar o sepulcro, convencidos de que aquele que quisera encarnar-se no seio puríssimo da Santíssima Virgem preservara também da corrupção este corpo virginal e o honrara pela gloriosa assunção ao céu, antes da ressurreição geral”.

Meus queridos amigos, que acompanham o nosso blog, a solenidade da Assunção da Virgem Maria nos lembra como a Mãe de Jesus recebe a justa recompensa por suas obras, por seus atos e sofrimentos. O dia de sua gloriosa Assunção é para nós católicos uma verdade que vem desde os tempos remotos do cristianismo e que foi declarada dogma.

Peçamos a Maria Santíssima uma fé viva e autêntica para que a seu exemplo possamos um dia, no Céu, contemplar a Jesus face a face.


Seminarista Plínio A. S. Almeida


Obs: O trecho entre aspas foi extraído do site: http://infsantoantonio.br.tripod.com

domingo, 7 de agosto de 2011

Celebrar e Refletir as Vocações na Igreja


Desde o ano de 1983 a Igreja no Brasil dedica o mês de agosto a uma reflexão sobre as várias vocações. Desta maneira, cada semana deste mês é destinada a celebrar uma vocação específica, a saber:

1a Semana – Ministério Ordenado: diáconos, padres e bispos;
2a Semana – Vida Familiar;
3a Semana – Vida Consagrada: religiosos, religiosas e consagrados seculares;
4a Semana – Ministérios e Serviços na Comunidade: Catequistas e agentes de pastoral.

Nas páginas do Evangelho vemos, por várias vezes, Cristo chamando seus discípulos para segui-lo. E Ele faz isso depois de manter um momento de oração com o Pai. Vemos assim que o chamado surge da vontade do Pai que, através da Palavra do Filho, suscita no coração de cada pessoa o desejo de segui-lo. Este seguir a Jesus está em vista de uma missão bem clara: anunciar o Reino.

Mas Jesus não apenas chama, como também forma os discípulos. Faz com que eles conheçam qual é a vontade do Pai. É um convite a uma amizade com o Mestre, convida-os a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus .

Mas sabemos que este chamado do Senhor vem através de uma vivência da fé, da oração, para que assim se possa entender a vontade de Deus. Sem a busca de Deus através da oração não nasce uma verdadeira vocação. É por isso que no mundo atual, em que a voz do Senhor parece sufocada por “outras vozes” e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil , vemos que existe, em algumas partes, uma escassez de vocações. Os apelos do mundo, muitas vezes materialistas e baseados em prazeres efêmeros, tiram do jovem o desejo da busca de Deus.

A missão da Igreja é de estar atenta para que os apelos do mundo não impeçam que o chamado de Deus atinja os corações. O encorajamento dos nossos jovens no seguimento do Senhor deve ser feito com maior intensidade por parte da Igreja. Visto que seguir a Cristo é buscar a felicidade na realização da própria vida num ato de entrega a Ele, que é o nosso Mestre.

Em nossa Diocese de São João del-Rei, com a graça de Deus, vem crescendo nos últimos anos o número de jovens que se decidem pelo sacerdócio. Mas isto é sinal de que a nossa responsabilidade também cresce, pois devemos aumentar as nossas orações pela perseverança dos que são chamados. Devemos incentivar os nossos jovens a fazer da sua existência uma doação pela causa do Reino, pois servir ao Senhor é a maior alegria que se possa ter.

Neste meu ainda curto período de sacerdócio, quase três anos, muitas experiências alegres eu já pude ter. Tantos corações já busquei confortar com a esperança que a Palavra do Senhor nos dá. Eis a maior recompensa diante desta doação da minha vida: ver que uma palavra pode ser sinal da força de Deus na vida de quem está passando por tribulações. Vejo assim que no exercício do sacerdócio é que se pode dar mais esperança para este mundo tão carente de Deus. Pois, no dizer do apóstolo, Deus é amor. E este Amor quer estar presente na vida de cada ser humano através do ministério dos sacerdotes.

Que neste mês de agosto as nossas orações sejam dirigidas a Jesus, o Bom Pastor, pedindo para que haja sempre mais vocações sacerdotais em nossa Igreja e para que Ele continue sustentando aqueles aos quais Ele mesmo chamou.

Pe. Álisson André Sacramento
Reitor do Seminário São Tiago – Propedêutico e Filosofia


Fonte: Mensagem do Papa Bento XVI para o 48º dia Mundial de oração pelas vocações, Vaticano, 15 de Novembro de 2010.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Agosto, Mês Vocacional


Agosto é o Mês em que a Igreja reflete sobre a VOCAÇÃO. Todos nós somos chamados a viver como Jesus viveu, em todos os lugares em que estamos: trabalho, escola, em casa, na Igreja... Vocação é algo que diz respeito a todos, pois trata das nossas decisões, do nosso modo de viver e de responder ao chamado que Deus nos faz: a felicidade.

Vocação é um chamado. Deus chama a cada um pelo nome, chamado este que é ao mesmo tempo pessoal e universal. Por isso, cada um deve conhecer a voz do Pastor, que é Jesus, e segui-lo. Isso significa ter a ousadia de deixar a segurança do seu redil. Ter a coragem de ir além dos horizontes, de romper com possíveis “atitudes de relaxamento” e buscar cada vez mais novas formas, novo ardor, novo dinamismo para viver o chamado que nos foi feito.

Ao respondermos o chamado de Jesus, temos a obrigação de passar a viver como ele viveu. Devemos ser livres, despojados e termos à nossa frente a certeza e a confiança na palavra de Jesus. Em nossa vocação, se respondemos e seguimos verdadeiramente ao chamado do Pai, então vivemos a experiência do AMOR, pois “sem o amor não é possível pensar em vocações verdadeiras”. Por isso, se nossa vocação se alicerça no amor, não podemos ser auto-suficientes em nossas casas, trabalhos, escolas etc., mas livres para amar, porque é de dentro que vem este impulso: “Deus despejou em mim o seu amor e a sua força; não preciso impor aos outros os meus preços”.

Vocação é felicidade. Cada um é chamado a fazer a melhor escolha para ser feliz em sua vida, a ser uma pessoa realizada e isso só se concretiza através do Amor. Ao sermos pessoas chamadas à vida, não podemos estar alheios às questões políticas, do trabalho, da família e assim por diante, pois é aí que o Pai nos chama a sermos instrumentos do seu amor, a sermos homens e mulheres capazes de atuarem em projetos, que de fato gerem felicidade e realização para todos. Devemos sempre lutar em defesa da vida para todos, pois estaríamos sendo falsos conosco se pensássemos que poderíamos responder ao chamado do Pai sem nos preocuparmos com os nossos irmãos e irmãs.

Somos todos chamados a seguir a Jesus. Que não tenhamos medo de responder SIM a esse chamado. E se a dúvida ainda nos atormenta, faça a você a seguinte pergunta: como posso corresponder ao chamado de Jesus? Você poderá responder: vivendo em plenitude o meu batismo como leigo, na vida social de cada dia, no testemunho e na fidelidade ao Evangelho, para a construção de um mundo mais justo e mais fraterno; ou vivendo um compromisso mais de perto com o Cristo Bom Pastor, como padre ou religioso.

Que neste mês vocacional, todos nós rezemos na intenção de todas as vocações: sacerdotal, religiosa, missionária e leiga, pedindo ao Senhor forças para corresponder verdadeiramente ao chamado que Ele nos faz.

“Jesus, mestre divino, que chamastes os Apóstolos a vos seguirem, continuai a passar pelos nossos caminhos, pelas nossas escolas e continuai a repetir o convite a muitos de nossos jovens. Dai coragem às pessoas convidadas. Dai força para que vos sejam fieis como apóstolos leigos, como sacerdotes, como religiosos e religiosas, para o bem do Povo de Deus e de toda a humanidade. Amém”.

Seminarista Vinícius Idefonso Campos

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Agosto, Mês Vocacional: A Vocação Sacerdotal


No mês de agosto, somos convidados a dirigir nossa atenção em particular sobre as vocações, principalmente as de especial consagração que são essenciais para a vitalidade da Igreja. Deus Pai, estabeleceu a Igreja sacramento universal de salvação para continuar a obra de Cristo até o fim dos séculos, por isso desperta a cada dia no coração dos fieis a importância da vocação ao ministério ordenado e à vida consagrada.

Jesus na última ceia concebe a nós, como parto gêmeo do teu amor, a Eucaristia e o Sacerdócio. O Sacerdócio é verdadeiramente o grande dom do Divino Redentor, o qual para tornar perene a obra da Redeção do homem consumada na cruz, transmitiu os seus poderes à Igreja que tornou parte do seu único e eterno Sacerdócio.

O sacerdote é "outro Cristo" porque é assinalado com o caráter indelével que o torna semelhante ao salvador. O sacerdote representa Cristo que disse: "Como o Pai me enviou, assim também eu envio a vós" (Jo 20,21). Portanto, é ao sacerdote que se deve recorrer aquele que quer viver a vida de Cristo, e deseja receber força, conforto e alimento para a alma.

A medida que a população do mundo vai se tornando mais numerosa, torna-se também necessário que surjam novas e mais numerosas vocações para os ministérios na Igreja. É necessário recrutar outros operários, é preciso sempre estar em vigilância lembrando sempre da Palavra do Senhor: "Grande é a messe, mas poucos são os operários" (Lc 10,2).

A messe é grande os operários são poucos, mas é preciso que estes tenham um dever especial de ser sinal de santidade. Santidade é ter os mesmos sentimentos de Cristo, ou seja, verdadeira paixão pelo Reino, compaixão pelo próximo, humildade, bondade e sobretudo caridade. Mas é importante destacar que a vocação à santidade é universal, todos são chamados a seguir a Cristo, atentos a sua vontade: a nossa santificação.

Assim portanto temos todos que procurar a santidade. Todos devemos rezar pela santificação de nossos pastores, pois sabemos que são homens e não anjos, e por isso também estão sujeitos à fraqueza. Pedimos ao Senhor que ajude nossos ministros ordenados a vencerem toda tentação de superficialidade e mesquinhez, para que possam buscar o sentido mais profundo de sua vocação. Que você, caro amigo que nos acompanha neste blog, possa reforçar suas orações para o clero de nossa diocese, principalmente para o pároco de sua paróquia, em preparação ao dia do sacerdote que já se aproxima...

Seminarista Samuel Carvalho Detomi