terça-feira, 31 de maio de 2011

Encerramento do Mês de Maria



Maria: “Mater Verbi Dei”

Estamos no tempo pascal e celebramos hoje a visitação de Maria a Isabel. Maria ofereceu-lhe seus serviços e comunicou-lhe a alegria dos pobres e marginalizados, dos excluídos e sofredores, pois trazia em seu seio o Redentor. Isabel reconhece tamanha dádiva, pois compreende quem é Maria: Aquela em quem o Senhor realizou maravilhas.

Para encerrar o mês de Maio e celebrar a visitação de Maria a Isabel, fizemos em nosso Seminário hoje, pela manhã, um momento mariano refletindo a figura de Maria na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “VERBUM DOMINI”.

Foi um momento de profunda meditação da Palavra de Deus, e profundas reflexões sobre Maria. Um momento muito importante em nosso Seminário a fim de pararmos e refletirmos sobre a Virgem Maria, que é a Rainha dos Sacerdotes.

Que a exemplo de Maria possamos sair ao encontro do irmão que necessita, e que não meçamos esforços para cumprir os planos de Deus e roguemos a ele: Deus eterno e todo poderoso, em vosso imenso amor inspirastes Maria,quando trazia em si o vosso Filho a visitar Isabel. Concedei-nos por sua intercessão que, respondendo fielmente aos apelos de Vosso Espírito, procuremos amar eficazmente o próximo.

Nossa Senhora da Visitação, Rogai por nós!!

Seminarista Rutiero Carvalho


Vejam as fotos da nossa celebração mariana:














sexta-feira, 27 de maio de 2011

Novo Diretor Espiritual do Seminário São Tiago




Neste dia 27 de maio de 2011, nós do Seminário São Tiago, tivemos a imensa alegria de acolher o nosso novo diretor espiritual, Padre Antônio Claret Albino, pároco da Paróquia da Imaculada Conceição, da Colônia do Marçal. Na manhã desta sexta-feira deu-se então, o início a esse trabalho tão nobre e importante para a vida de um seminarista, com a celebração da Santa Missa e em seguida os atendimentos individuais.

Sendo assim, queria colocar o posicionamento do Papa Bento XVI, que no último dia 19 de maio pronunciou a respeito da importância da direção espiritual para todo cristão que quer viver com responsabilidade o seu próprio Batismo:

"Todos, de fato, e de modo particular os que acolheram o chamado divino para segui-lo mais de perto, precisam estar acompanhados de uma guia segura na doutrina e especialista nas coisas de Deus”, que “pode ajudar a defender-se de subjetivismos fáceis, colocando à disposição seus conhecimentos e experiências no seguimento de Jesus”

“Trata-se de instaurar a mesma relação pessoal que o Senhor tinha com seus discípulos, o laço especial com que Ele os conduziu, no seu seguimento, para abraçar a vontade do Pai, para abraçar a cruz”, comentou o Pontífice.

“Também vós, queridos amigos, na medida em que sejais chamados a este dever insubstituível, fazei um tesouro de tudo o que aprendestes durante estes anos de estudo, para acompanhar todos os que a Providência vos confiar, ajudando-os no discernimento dos espíritos e na capacidade de seguir os impulsos do Espírito Santo, com o objetivo de conduzi-los à plenitude da graça até alcançar a medida da plenitude de Cristo”, disse aos seus convidados.

Enfim, caros amigos que acompanham o nosso blog, espero que todos possam compreender a importância daqueles que fazem esse trabalho tão belo e que nos auxiliam fortemente na nossa caminhada vocacional.

Que todos possam, com suas orações, entregar a missão do nosso diretor espiritual, Padre Antônio, nas mãos de nossa mãe Maria, para que possa sempre ser fortalecido cada vez mais pela graça de Deus.

FONTE: http://www.zenit.org

Seminarista Samuel Carvalho Detomi

Quando Deus chama...




“Só no céu compreenderemos bem o padre. Se nós o compreendêssemos na terra, morreríamos não já de pavor, mas de amor...” Essas são palavras mais que acertadas de um dos padres mais importantes que já brilhou no firmamento da Igreja, o Santo cura d’Ars.

Ser padre é ser inteiramente de Deus, e aí está a sua magnitude. Ser padre não é ser homem das grandezas deste mundo, mas homem das vontades divinas.

A vocação é mistério da ação de Deus, é ele quem chama por amor. A nós restam apenas duas possibilidades: dizer sim ou fugir desse chamado. A vocação é uma voz que chama na alma e provoca em nós um impulso para seguir a esse convite de Deus que é percebido pelo coração.

Essa voz existe e é algo real, quem a ouve sabe que ela provém de Deus, que se manifesta por sinais ou por uma convicção que ocorre no íntimo do coração. Não há como explicar, pois a linguagem de Deus não se encontra em livros, a linguagem de Deus, mais do que ouvida, é sentida.

“Eu ainda estava no ventre materno, e Javé me chamou; eu ainda estava nas entranhas de minha mãe, e ele pronunciou o meu nome” (Is 49, 1). É difícil dizer não a este chamamento pelo nome. Através desse chamado vemos o amor de Deus por nós. Mas esse chamado exige comprometimento, exige renúncia capaz de deixar o coração concentrado no mais sublime dos amores, o amor a Cristo.

É por esse amor à pessoa de Cristo que aceitamos segui-lo mais de perto. Esse amor arde no coração assim como ardeu nos corações dos discípulos de Emaús e faz com que queiramos a ele nos assemelhar.

Caros amigos, a vocação sacerdotal deve ser vivida, deve ser trabalhada, ela é prova do amor de Deus por nós. Através dela Deus convida homens para anunciarem o seu plano salvífico resgatando a toda humanidade do pecado.

Seguir a vocação sacerdotal é a segurança íntima e certa de ter a Deus por companheiro, sempre com os seus olhos de amor sobre os nossos passos, e essa segurança é algo que não nos deixa vacilar diante de tantas dificuldades do mundo. É sentir-se capaz de “transformar” o mundo através do exercício do ministério.

Deus chama, mas nós carregamos a responsabilidade de dar a resposta a esse chamado, pois, como diz aquela bela música vocacional, “a decisão é sua”. Jovem, se você se sente motivado a seguir uma vida de entrega total a Cristo e aos irmãos, não tenha medo de dizer o seu SIM, pois, como afirma o Santo Padre quando escreveu encorajando aos que decidiram entrar para o seminário, “Fizestes bem em tomar essa decisão, porque os homens sempre terão necessidade de Deus.”


Seminarista Plínio A. S. Almeida





ENCONTRO VOCACIONAL

Meu caro jovem, se você gostaria de refletir melhor a respeito da sua vocação, seja ela para o sacerdócio ou para a vida matrimonial, venha participar do nosso Encontro Vocacional. É um momento em que, com a ajuda do Espírito Santo, da Direção Espiritual, palestras e outras atividades você poderá analisar melhor a respeito do seu futuro.

O nosso próximo encontro vocacional será entre os dia 03, 04 e 05 de junho, aqui em nosso Seminário São Tiago. Mais informações pelo e-mail: seminariost@mgconecta.com.br

Venha passar um final de semana conosco e ver o que Deus reserva para a sua vida!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Oração à Nossa Senhora de Sheshan





Neste dia 24 de maio, dedicado à memória de Nossa Senhora Auxiliadora, o Papa Bento XVI convida os católicos de todo o mundo a unirem-se em oração pelos católicos da China. No ano de 2007, quando o próprio Papa instituiu este dia de oração ele mesmo disse: "aqueles fieis têm direito à nossa oração, têm necessidade da nossa oração". Foi o mesmo Papa Bento XVI quem compôs esta bela oração, a qual procuramos rezar neste dia:




"Virgem Santíssima, Mãe do Verbo Encarnado e nossa Mãe,
venerada com o título de “Auxílio dos Cristãos” no Santuário de Sheshan,
de onde olha com devoto afeto toda Igreja que está na China,
viemos hoje, diante de vós para implorar a vossa proteção.
Volvei o vosso olhar ao Povo de Deus e guiai-o com solicitude materna na estrada da verdade e do amor,
a fim de que seja em todas as circunstâncias fermento de harmoniosa convivência entre todos os cidadãos.
Com o dócil “sim” pronunciado em Nazaré vós consentistes
ao eterno Filho de Deus fazer-se carne no vosso seio virginal
e iniciar assim na história a obra da Redenção,
a qual cooperastes com grande decisão,
aceitando que a espada de dor traspassasse a vossa alma,
até a hora suprema da Cruz, quando no Calvário ficastes
em pé junto ao vosso Filho que morria para que o homem vivesse.
Desde então vos tornastes, de novo modo, Mãe
de todos aqueles que acolhem na fé o vosso Filho Jesus
e aceitam segui-lo tomando a sua Cruz sobre as costas.
Mãe da esperança, que na escuridão do Sábado Santo andastes
com grande confiança ao encontro da manhã da Páscoa,
dai aos vossos filhos a capacidade de discernir em todas as situações,
mesmo nas mais difíceis, os sinais da presença amorosa de Deus.
Nossa Senhora de Sheshan, sustentai o empenho de quantos na China,
entre as dificuldades quotidianas, continuam a crer, a esperar, a amar,
a fim de que nunca tenham medo de falar de Jesus ao mundo e do mundo a Jesus.
Na estátua que está em cima do Santuário vós segurais no alto o vosso Filho,
apresentando-o ao mundo com os braços abertos num gesto de amor.
Ajudai os católicos chineses a serem sempre testemunhas fieis deste amor,
mantendo-se unidos à rocha de Pedro sob a qual está construída a Igreja.
Mãe da China e da Ásia, rogai por nós agora e sempre. Amém."

Papa Bento XVI

sábado, 21 de maio de 2011

Irmã Dulce: a mão de Deus nos pobres





“Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. [...] Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes!” (Mt. 25,35-36.40).


Queridos irmãos e irmãs em Cristo, com tais palavras Nosso Senhor Jesus Cristo nos convida a uma profunda vivência de seu Evangelho. O dar pão a quem tem fome, dar água a quem tem sede, vestir o nu nos traz uma realidade de compromisso com as necessidades do outro. Estas palavras fizeram coro tão grande e harmonioso no coração de uma filha do Brasil que assim como outros (Padre Eustáquio, Albertina Berkenbrock, José de Anchieta e demais) se propuseram a levar uma vida coerente com os princípios evangélicos de testemunho da fé na Palavra e na dedicação e amor total ao próximo. Essa filha é Irmã Dulce que no próximo domingo dia 22 de maio será proclamada Bem Aventurada Irmã Dulce dos Pobres.

Sua santidade já era possível ser notada desde os treze anos de idade onde recebia em sua casa mendigos e pessoas necessitadas fazendo dali um centro de atendimento. A partir desse contato pessoal e humano com as carências que muitas pessoas tinham é que sua vocação à vida religiosa brotava no intuito de fazer com que sua vida preenchesse o vazio que aquelas pessoas necessitadas de recursos sentiam.

Aos 20 anos de idade Irmã Dulce faz sua consagração perpétua na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição onde seu trabalho era ensinar em um colégio mantido pela sua congregação. Mas como tinha um espírito totalmente caridoso não conseguiu permanecer em tal função. Pediu para exercer um trabalho totalmente voltado à assistência dos necessitados.

Irmã Dulce vivia pelas ruas de Salvador pedindo ajuda a comerciantes, prefeitos, políticos, artistas e diversas pessoas para conseguir manter suas obras e continuar a saciar as necessidades da população. Trabalhava ao lado do povo sem esperança e sem projetos de melhora de vida. Sempre que precisavam de uma ajuda espiritual, ali estava Irmã Dulce.

Construiu um hospital em Salvador, mas com muito trabalho e dificuldade porque não tinha um prédio que pudesse abrigar seus doentes, indo para diversos lugares até que a freira superiora da Congregação deu autorização para que os enfermos ficassem em um galinheiro dentro do terreno da mesma. É desse galinheiro que surge um dos maiores hospitais da Bahia: em 1959, Irmã Dulce funda a Associação Obras Sociais Irmã Dulce.

Irmã Dulce faleceu em 1992 com graves problemas respiratórios aos 77 anos de idade, deixando esta Terra de Santa Cruz e indo habitar a glória celeste onde lá, segundo o apóstolo Paulo, receberá a coroa de glória que o justo juiz concede a todos que aqui neste mundo cumprirem a missão que lhes é proposta por Deus. (2Tm. 4,8).

Ela é, portanto, exemplo para todos nós brasileiros que ainda somos carentes de exemplos que nos comovam e nos despertem em nossas realidades caracterizadas por nossos problemas. Agora Irmã Dulce não é apenas o “Anjo bom da Bahia”, mas é o Anjo bom do Brasil que cativa milhares de pessoas e as convida a mudarem de vida e a se comprometerem com o anúncio da Palavra e com as obras caritativas.

Peçamos a ela que interceda pelo povo brasileiro, por suas necessidades e carências. Para que ela, pedindo ao Pai celeste, possa conseguir para nós a conversão e a mudança de vida capaz de abrir-nos os olhos à realidade do mal e da opressão que nos cerca.

Seminarista Lucas Alerson de Souza

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Ave Maria





Ave Maria. . . ensina-nos ó Gabriel a proclamar contigo este ave que tua boca proclamara, ensina-nos a ser fiéis mensageiros do senhor.

Cheia de graça. . . ensina-nos ó Mãe Santíssima a estar sempre abertos a ação de Deus para podermos a teu exemplo ,ofertar o nosso sim a Deus.

O Senhor é convosco. . . caminha conosco senhor, dá-nos uma fé viva traduzida no cotidiano da vida, testemunhada no ser cristão católico acima de tudo.

Bendita sois vós entre as mulheres. . . dá-nos a força e a coragem necessários para sermos sal da terra e luz das nações ,para como Maria, no silêncio de nossos corações, elevar a ti nossos pedidos e orações, bem como orações pelos irmãos necessitados pedindo tua intercessão materna por cada um de nós a teu filho para que ele transforme nossa água em vinho novo.

E bendito é o fruto do teu ventre, Jesus. . . ensinai-nos ó senhora a receber teu Santo Filho em nossos corações, para que ele possa uni-los em um só pulsar de amor e de esperança na pessoa do Cristo ressuscitado, para que fulgurem diante da misericórdia d Pai.

Que neste mês de Maria possamos entregar em suas singelas, doces, cândidas e puras mãos toda nossa vida, uma vida muitas vezes embasada na materialidade, tornando-se uma vida sem sentido, sem valor, e nós não conseguimos enxergar seu verdadeiro valor, o seu sentido único que deve ser doação total aos preceitos divinos e aos irmãos necessitados.Tomemos como exemplo o Santo Padre o Papa, o agora beato João Paulo II que se entregou nas mãos afáveis de Maria, um homem, um pastor , um sacerdote, um verdadeiro apóstolo do Senhor que conseguiu em sua humildade conquistar o mundo todo.Com certeza Maria caminhou a seu lado e o carregou em seus braços de Mãe durante toda sua jornada terrestre. E ela quer caminhar também conosco, basta que nós o permitamos.

Roga por nós ó beato João Paulo II e ensina-nos a dizer contigo: todo teu ó Maria!


Seminarista Jonathan Geraldo da Silva

domingo, 15 de maio de 2011

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 48º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES




(15 DE MAIO DE 2011 - IV DOMINGO DE PÁSCOA)

Tema: «Propor as vocações na Igreja local»


Queridos irmãos e irmãs!

O 48.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 15 de Maio de 2011, IV Domingo de Páscoa, convida-nos a refletir sobre o tema: «Propor as vocações na Igreja local». Há sessenta anos, o Venerável Papa Pio XII instituiu a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. Depois, em muitas dioceses, foram fundadas pelos Bispos obras semelhantes, animadas por sacerdotes e leigos, correspondendo ao convite do Bom Pastor, quando, «ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas, por andarem fatigadas e abatidas como ovelhas sem pastor» e disse: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 36-38).

A arte de promover e cuidar das vocações encontra um luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objeto particular da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 9). Para começar, vê-se claramente que o primeiro ato foi a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração, à escuta da vontade do Pai (cf. Lc 6, 12), numa elevação interior acima das coisas de todos os dias. A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contato constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao «Dono da messe» quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais.

O Senhor, no início da sua vida pública, chamou alguns pescadores, que estavam a trabalhar nas margens do lago da Galileia: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens» (Mt 4, 19). Mostrou-lhes a sua missão messiânica com numerosos «sinais», que indicavam o seu amor pelos homens e o dom da misericórdia do Pai; educou-os com a palavra e com a vida, de modo a estarem prontos para ser os continuadores da sua obra de salvação; por fim, «sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13, 1), confiou-lhes o memorial da sua morte e ressurreição e, antes de subir ao Céu, enviou-os por todo o mundo com este mandato: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações» (Mt 28, 19).

A proposta, que Jesus faz às pessoas ao dizer-lhes «Segue-Me!», é exigente e exaltante: convida-as a entrar na sua amizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do Evangelho: «Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24); convida-as a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus (cf. Mt 12, 49-50) e se torna o sinal distintivo da comunidade de Jesus: «O sinal por que todos vos hão de reconhecer como meus discípulos é terdes amor uns aos outros» (Jo 13, 35).

Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a própria vontade à d’Ele. Trata-se de uma verdadeira e própria escola de formação para quantos se preparam para o ministério sacerdotal e a vida consagrada, sob a orientação das autoridades eclesiásticas competentes. O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada; e a Igreja «é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais» (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 41). Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por «outras vozes» e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações. É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja. Da minha parte, sempre os encorajo como fiz quando escrevi aos que se decidiram entrar no Seminário: «Fizestes bem [em tomar essa decisão], porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade» (Carta aos Seminaristas, 18 de Outubro de 2010).

É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens – como Jesus fez com os discípulos – para maturarem uma amizade genuína e afetuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica; para aprenderem a escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, através de uma familiaridade crescente com as Sagradas Escrituras; para compreenderem que entrar na vontade de Deus não aniquila nem destroi a pessoa, mas permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos; para viverem a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, porque só abrindo-se ao amor de Deus é que se encontra a verdadeira alegria e a plena realização das próprias aspirações. «Propor as vocações na Igreja local» significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida.

Dirijo-me particularmente a vós, queridos Irmãos no Episcopado. Para dar continuidade e difusão à vossa missão de salvação em Cristo, «promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular as missionárias» (Decr. Christus Dominus, 15). O Senhor precisa da vossa colaboração, para que o seu chamamento possa chegar aos corações de quem Ele escolheu. Cuidadosamente escolhei os dinamizadores do Centro Diocesano de Vocações, instrumento precioso de promoção e organização da pastoral vocacional e da oração que a sustenta e garante a sua eficácia. Quero também recordar-vos, amados Irmãos Bispos, a solicitude da Igreja universal por uma distribuição equitativa dos sacerdotes no mundo. A vossa disponibilidade face a dioceses com escassez de vocações torna-se uma bênção de Deus para as vossas comunidades e constitui, para os fieis, o testemunho de um serviço sacerdotal que se abre generosamente às necessidades da Igreja inteira.

O Concílio Vaticano II recordou, explicitamente, que o «dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover, sobretudo mediante uma vida plenamente cristã» (Decr. Optatam totius, 2). Por isso, desejo dirigir uma fraterna saudação de especial encorajamento a quantos colaboram de vários modos nas paróquias com os sacerdotes. Em particular, dirijo-me àqueles que podem oferecer a própria contribuição para a pastoral das vocações: os sacerdotes, as famílias, os catequistas, os animadores. Aos sacerdotes recomendo que sejam capazes de dar um testemunho de comunhão com o Bispo e com os outros irmãos no sacerdócio, para garantirem o húmus vital aos novos rebentos de vocações sacerdotais. Que as famílias sejam «animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade» (Ibid., 2), capazes de ajudar os filhos e as filhas a acolherem, com generosidade, o chamamento ao sacerdócio e à vida consagrada. Convictos da sua missão educativa, os catequistas e os animadores das associações católicas e dos movimentos eclesiais «de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina» (Ibid., 2).

Queridos irmãos e irmãs, o vosso empenho na promoção e cuidado das vocações adquire plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da comunidade eclesial – a catequese, os encontros de formação, a oração litúrgica, as peregrinações aos santuários – são uma ocasião preciosa para suscitar no Povo de Deus, em particular nos menores e nos jovens, o sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção livre e consciente, ao chamamento para o sacerdócio e à vida consagrada.

A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. Invoquemos, com confiança e insistência, a ajuda da Virgem Maria, para que, seguindo o seu exemplo de acolhimento do plano divino da salvação e com a sua eficaz intercessão, se possa difundir no âmbito de cada comunidade a disponibilidade para dizer «sim» ao Senhor, que não cessa de chamar novos trabalhadores para a sua messe. Com estes votos, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.


Vaticano, 15 de Novembro de 2010.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

João Paulo II e a sua vocação




Caros amigos que acompanham o blog do Seminário São Tiago, gostaria de compartilhar com vocês a leitura de alguns trechos de um livro, infelizmente não tão conhecido: “Dom e Mistério” (1996), neste livro Karol Wojtyla, hoje proclamado pela Igreja Beato João Paulo II, autor do livro, diz: “[...] deixei-me levar livremente ao sabor das lembranças, sem qualquer preocupação de ordem documental [...] o que fica dito pertence às minhas raízes profundas, à minha experiência mais íntima.” ( JOÃO PAULO II, 1996, p.5).

Este livro é uma resposta a uma solicitação que lhe fizeram, ele nos esclarece melhor esta história: “[...] me foi solicitado com insistência que voltasse a tratar, mais amplamente, o tema da minha vocação, por ocasião agora do meu jubileu sacerdotal.” (JOÃO PAULO II, 1996, p.5). O livro é uma celebração ao seu cinquentenário de ordenação sacerdotal, nele o Papa revê seu caminho vocacional passando pelas etapas de vocacionado, seminarista até o sacerdócio.

Ele inicia o livro com uma pergunta “A história da minha vocação sacerdotal [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.9). E a resposta é de uma profundidade típica dos santos: “[...] É, sobretudo, Deus quem a conhece [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.9). Ele ressalta que a nossa vocação é mistério! É Dom gratuito! (lembremos o título do livro), ela é sempre maior que nossa compreensão humana, tanto como seminarista, padre, vocacionado, nenhum de nós a compreende por completo, ela sempre está sob nevoas da intimidade e eleição do Senhor, mas, Lolek diz que os vocacionados devem sempre compreender algo muito bem: “[...] perante a grandeza deste dom, sentimos a nossa inaptidão [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.9).

Na citação acima está, irmãos, algo essencial à nossa vocação, a consciência de que sempre somos inaptos, limitados, inúteis e talvez as pessoas mais inadequadas para exercer tão grande missão confiada a nós por Deus; Esta consciência deve estar sempre muito viva na alma dos vocacionados, seminaristas, padres, bispos, Somos verdadeiramente inaptos, e por isso mesmo devemos confiar totalmente em Deus, e não em nossas próprias forças. Temos a necessidade do outro para nos ajudar em nossa caminhada vocacional, precisamos de amigos e amigas sinceras, da nossa família, de nosso pároco, dos nossos reitores, formadores, do Bispo, de todo o povo de Deus. Cada pessoa é essencial para vencermos as nossas fraquezas e inaptidões. Sobretudo no seminário como é bom contar com amigos sinceros e verdadeiros que nos ajudam na caminhada e na luta do dia a dia, para que sejamos dignos de servir à Igreja e ao povo de Deus.

Não pretendo comentar o livro todo, o livro é de linguagem fácil bem coloquial com apenas 117 páginas, quero despertar o interesse pela leitura do livro, que é de grande utilidade para o discernimento vocacional e o desenvolvimento espiritual.
O Beato João Paulo II entrou no seminário com 22 anos: “[...] no outono de 1942, tomei a decisão definitiva de entrar no seminário de Cracóvia, que funcionava clandestinamente [...]” (JOÃO PAULO II, 1996, p.21). Mas antes de sua entrada no seminário ele nos fala do seu período de discernimento vocacional, de seus primeiros sinais de vocação, e de suas dúvidas e sua paixão pelo teatro, literatura que o orientava para outros caminhos, ele mesmo narra isto:

O arcebispo [...] visitou a paróquia de Wadowice quando eu era estudante do Liceu. O meu professor de religião, Pe. Edward Zacher confiou-me o encargo de lhe dar boas vindas [...] Sei que depois de meu discurso, o arcebispo perguntou ao professor de religião que faculdade eu escolheria, no final do curso secundário. Pe Zacher respondeu ‘Irá estudar filologia polonesa’. O prelado teria respondido: ‘Que pena não ser a teologia’ (JOÃO PAULO II, 1996, p.9).



O Beato João Paulo II reconhece que naquele período, ele não tinha grande amadurecimento da sua vocação, a vocação é sempre um processo de se conhecer e conhecer a Deus, portanto um processo de maturidade progressiva que não deve ser interrompida. Aquele que é chamado por Deus cresce em maturidade e sensibilidade diante das necessidades da Igreja e do povo de Deus, neste sentido karol diz:

Naquele período da minha vida, a vocação sacerdotal ainda não tinha amadurecido, apesar de não faltar, em torno de mim, quem achasse que eu deveria entrar no seminário. E alguém terá mesmo pensado que, se um jovem com inclinações religiosas tão claras, não entrava no seminário era sinal que estava em jogo outros amores e predileções. De fato na escola eu tinha muitos colegas e, comprometido como estava no círculo teatral escolar, tinha as mais variadas possibilidades de encontro com rapazes e moças. Mas o problema não era esse, naquele período, estava absorvido, sobretudo com a paixão pela literatura, particularmente pelo drama e pelo teatro [...] (JOÃO PAULO II, 1996, p.10/11).

Como vemos o reconhecimento do chamado de Deus é um processo lento, é um apaixonar-se mais e mais pelo Senhor da messe, e a partir daí querer livremente se entregar à causa de Jesus Cristo. Como vimos nestes trechos do livro Dom e Mistério, o Beato João Paulo II teve um período de tempo de discernimento e entrega gradativa à vontade de Deus.

Quero terminar aqui a reflexão, espero que estes trechos do livro se tornem ajuda para todos e desperte a vontade de ler este livro, sobretudo nos vocacionados, seminaristas e todo o clero, recomendo vivamente a leitura do livro “Dom e Mistério” que é sem dúvida um grande auxílio para a inspiração e o discernimento vocacional.

Beato João Paulo II, rogai por nós, por todos os vocacionados, seminaristas, padres, por nosso bispo e toda Diocese de São João Del-Rei, hoje e sempre. Amém.

Seminarista Wiler Geraldo da Silva


P.S. Aqui um link para download do livro, no site da Arquidiocese de Braga em Portugal: http://www.fazsentido.com.pt/index.php?p=/conteudo.php&cod=83&sec=7


Referências bibliográficas:

JOÃO PAULO II, Papa. Dom e Mistério: por ocasião do 50° aniversário da minha ordenação sacerdotal. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 1996. 117p. Tradução de: "Dono e mistero: nel 50° del mio sacerdozio."

terça-feira, 10 de maio de 2011

“O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11)




O Tempo Pascal nos faz adentrar na dinâmica do amor de Deus, que envia seu Filho Amado para dar a vida por suas ovelhas. Ser o Bom Pastor define a vida e a missão de Jesus, isto é, cuidar de suas ovelhas e dar a vida por elas. Dar a vida é uma questão crucial, pois só o verdadeiro pastor é capaz de tal gesto, ao passo que o mercenário salta a cerca para roubar e destruir a vida. Ao se entregar na cruz por nós e ressuscitar Jesus é o Pastor que nos dá a vida e nos conduz ao grande redil de seu Pai. Por isso ele é o Bom Pastor.

A tradição bíblica nos apresenta a figura do pastor como a imagem do cuidado e do carinho para com a vida do outro. Ser pastor é cuidar da ovelha e preservar amorosamente a sua vida, mesmo que tal tarefa signifique riscos. O Salmo 23 nos narra esta idéia com grande beleza: “O Senhor é meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar. Para águas tranquilas me conduz e restaura minhas forças” (Sl 23, 1-3a). O Pastor cuida com solicitude de suas ovelhas, de maneira carinhosa e mansa. E ultrapassando as figuras pastoris o salmista qualifica o pastor como aquele que nos garante orientação nas noites escuras, nos defende com seu cajado, nos oferece uma mesa de ricas iguarias, nos unge com óleo perfumado e nos oferece uma taça transbordante de vinho bom. Contrastando, temos os mercenários, que seriam os maus pastores, que, como denunciou Ezequiel só se preocupam em apascentarem a si próprios e deixam o rebanho entregue a sua própria sorte (cf. Ez 34, 1-6). O mercenário – ao contrário do Bom Pastor – está voltado para si mesmo, só se ocupa com seus interesses e desconhece a necessidade do outro. Ele não passa pela porta, rouba e não dá sua vida pelo rebanho. Para consolar os rebanhos que sofrem a negligência de seus pastores, o profeta Ezequiel anuncia a esperança através da Palavra de Deus: “Eu mesmo apascentarei o meu rebanho” (34,15). Deste modo as ovelhas poderão ser conduzidas, orientadas e amadas, pois o próprio Deus será o seu pastor e guia.

O pastoreio é um compromisso que implica a radicalidade de se ofertar a própria vida em favor das ovelhas. O pastoreio requer cuidado com outro, dedicação, carinho, paciência, amor e doação. Cristo deu a vida por nós seu rebanho, e assim nos conduz ao redil tranquilo do Reino dos Céus. A configuração com o Cristo Bom Pastor deve, por isso, ser a meta daqueles que conduzem o povo de Deus, para que o pastoreio seja de vida e de doação, e não de busca de interesses próprios. Os pastores devem conhecer suas ovelhas pelo nome, curá-las, conduzi-las e jamais deixar que se perca nenhuma delas. Jesus, o Bom Pastor, deu a vida por seu rebanho, por seus amados. Deixou a todos o seu exemplo de amor, de carinho de cuidado. Deu a vida para que todos aqueles que quisessem seguir seu Evangelho pudessem seguir seu exemplo de doação total e radical ao rebanho. “O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11)


Seminarista Javé Domingos

“A nova vida”




O mistério Pascal é a base e o fundamento de todo o seguimento de Jesus. Sendo que o que constitui este mistério Pascal são a morte e Ressurreição de Jesus juntas. Para vivermos mais intensamente aquilo que sustenta, a base de nossa fé, é necessário de nós uma preparação. Por isso, a nossa santa Igreja nos propõe o período da Quaresma, um tempo em que a Igreja se utiliza da cor litúrgica roxa para nos lembrar dos sofrimentos, da morte e do sepultamento de Jesus; e também da necessidade da mudança de vida, da conversão e da penitência. Este tempo nos prepara para a Páscoa que é a grande festa da Igreja (e o que fundamenta a nossa fé cristã).

A celebração da Páscoa já era realizada pelos judeus antes da vinda de Jesus (vale aqui ressaltar que Jesus também era judeu) e representava a comemoração da libertação do povo de Israel da terra do Egito. A Páscoa de Jesus (sua morte e Ressurreição) acontece exatamente no período em que os judeus celebravam a sua páscoa, dando a esta um significado de “libertação definitiva”. Libertação esta trazida pelo próprio Cristo que, mesmo sendo Filho de Deus, foi sacrificado como cordeiro (oferecido pelo Pai). Jesus veio para tirar o pecado do mundo e nos dá a garantia da Terra Prometida, só que não como os judeus (em um espaço físico), mas a Terra Prometida que é a felicidade da vida Eterna na Trindade Santa.

A Páscoa de Jesus vem nos mostrar que todos os homens caminham em direção a Deus. E o encontro com Jesus Ressuscitado é que dá o fundamento da fé dos discípulos (seus seguidores; e nós os cristãos, até os dias atuais). Antes que Jesus tivesse sido ressuscitado pelo Pai, os seus discípulos ainda não conseguiam compreender o verdadeiro significado de sua pessoa e de sua obra. Não compreendiam plenamente os ensinamentos de Jesus (muitas vezes Ele era visto como um profeta “escatológico do Reino de Deus”). Quando Jesus morre na cruz eles se envergonharam (Lc 24,21). A cruz de Jesus, como nos diz São Paulo (1Cor 1,17-25), era um escândalo, era considerada uma maldição (Gl 3,13; Dt 21,23). E esta cruz deveria ser ultrapassada, e isto só aconteceu com a Ressurreição de Jesus. A Ressurreição dá novo ânimo aos seus discípulos (na fé e no caráter comunitário), pois já se encontravam desanimados após a sua morte. A lentidão em crer em Jesus após a sua morte (como por exemplo, Tomé), demonstra a visão limitada dos seus quanto aos seus ensinamentos (quanto a sua Ressurreição), que foi superada somente com a ressurreição.

O fato do Filho de Deus ter sido ressuscitado pelo Pai é totalmente diferente dos casos de ressurreições anteriores realizadas pelo próprio Jesus (como por exemplo, a ressurreição de Lázaro). A Ressurreição de Jesus é realizada pelo Pai de forma definitiva, e não como nos casos anteriores que os ressuscitados tinham apenas um retardamento de suas mortes. A morte no caso do Filho de Deus, não foi o fim pois ele vive para além da morte. Com a sua Páscoa fica para nós afirmado que a morte não tem a última palavra em sua vida, pois Jesus a venceu, e com o vencimento da morte, Ele proclama a sua autoridade e seu reinado sobre toda a história e sobre o Universo.

Com a Ressurreição de Jesus pelo Pai dá-se o surgimento de uma nova humanidade (2Cor 5,17). E Jesus é o novo Adão (Rom 5,12-20), que dá origem a esta nova humanidade. Ele é o Primogênito (o primeiro) dentre os mortos (1Cor 15,12-28). O fato de ter ressuscitado dos mortos nos mostra que a humanidade tem um ponto em comum, um ponto para onde todos os homens caminham, que é a plenitude. Onde Deus será tudo em todos (1Cor 15,24-28).

Jesus em sua vida assume a causa dos oprimidos e excluídos, luta e acompanha de perto aqueles que não tem voz e nem vez. Após ser crucificado Ele é ressuscitado pelo Pai e se torna a esperança daqueles que não tem mais esperança. Contemplarmos o Cristo Ressuscitado é contemplar a possibilidade dos homens e mulheres excluídos e marginalizados se realizarem plenamente, pois Ele assume a causa deles (em sua vida) e torna-se a grande esperança para todos os desesperados após a sua Ressurreição. Tornando-se a luz que ilumina a vida de todos aqueles que se encontram nas trevas.


Seminarista Victor Bertulino da Silva

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Senhor vivo e Ressuscitado caminha conosco!



Nossa caminhada neste mundo está cercada de todos os tipos de vivência e desafios, sejam elas positivas ou não. Mas, durante toda essa vivência de momentos bons ou ruins que fazemos na nossa vida, durante essa nossa dura caminhada, podemos fazer a escolha de caminharmos sozinhos ou com alguém que nos ajude.
Se fizermos a escolha por caminharmos com alguém que nos ajude, essa caminhada, por mais dura que seja, será, apesar de tudo, uma caminhada alegre, feliz e esperançosa. Mas essa pessoa que nos ajudará a fazer essa caminhada não é qualquer um, é o próprio Jesus Cristo, é ele quem nos ajuda a percorrer a longa estrada da vida. Ele sempre está ao nosso lado, nunca nos abandona nem mesmo naqueles momentos em que nos parece que ele está longe, mas é aí que ele está mais perto de nós dizendo: “Eu estou contigo até fim dos tempos” (Mt 28, 20). Se nós escolhemos caminhar com ele, poderemos ter a certeza de que ele nos conduzirá por caminhos que nos levarão não a uma felicidade passageira e sim uma felicidade sem fim, ilimitada.
Estamos no Tempo da Páscoa, tempo de alegria, da ressurreição do Senhor. Neste tempo somos convidados a perceber com mais atenção ainda a presença do Cristo vivo e ressuscitado em nosso meio, caminhando conosco.

O Senhor está presente nas Escrituras Sagradas que é a palavra que nos conforta e anima, pois é lá que encontramos tudo sobre a sua vida e o seu projeto de amor. O Senhor está presente na Eucaristia, no pão repartido, pão que nos sustenta e que nos lembra o seu imenso amor por nós, a fim de se doar por todos nós na cruz e ainda ser nosso sustento, nosso alimento de cada dia no Pão Eucarístico. E ele ainda faz mais por nós: caminha conosco e nos é solidário com os nossos problemas, participando das nossas lutas de cada dia.
E assim, percebendo que o Senhor está disposto a nos ajudar a fazer conosco a caminhada nesta vida rumo a outra vida, basta darmos a nossa adesão, o nosso sim. Sim, Senhor, eu quero que tu faças a caminhada comigo. E quando nos depararmos com aquelas situações difíceis que a vida no impõe, quando percebermos que a escuridão quer nos envolver, digamos ao Cristo vivo e ressuscitado: “Senhor, é tarde e a noite já vem, fique conosco” (Lc 24, 29), permaneça em nós, faça conosco a caminhada e nos alimente com o seu corpo e a sua palavra, nos sustente, nos dê a sua força, sua paz.
E mesmo assim, quando estivermos cansados, nos restaure e fale ao nosso ouvido: “Levanta-te e come, ainda tens um longo caminho a percorrer” (1Rs 19,7).

Seminarista Tiago Magela de Oliveira Zacarias

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Maria de Nazaré



É de autoria do Padre Zezinho uma canção que diz: “Maria de Nazaré, Maria me cativou. Fez mais forte a minha fé e por filho me adotou. Às vezes eu paro e fico a pensar, e sem perceber me vejo a rezar, e meu coração se põe a cantar, pra Virgem de Nazaré. Menina que Deus amou e escolheu pra Mãe de Jesus, o Filho de Deus. Maria que o povo inteiro elegeu, Senhora e Mãe do céu”. Tal canção, que é repetida várias vezes em nossas comunidades, expressa de maneira simples a grande devoção do povo para com a Virgem de Nazaré.

Sim, é maio! Mês de Maria! Por todos os cantos do nosso país acontecem manifestações de carinho para com a Mãe Maria. Seja através da Santa Missa, da oração do Rosário, das novenas, como também nas simples e bonitas devoções populares como a coroação da imagem de Nossa Senhora. Em todas elas vemos a grande devoção do povo para com a Mãe do céu. O Concílio Vaticano II na Constituição dogmática Lumen Gentium número 67 admoesta a “todos os filhos da Igreja a que generosamente promovam o culto, sobretudo litúrgico, para com a Bem-aventurada Virgem, deem grande valor às práticas e aos exercícios de piedade recomendados pelo Magistério no curso dos séculos e observem religiosamente o que em tempos passados foi decretado sobre o culto das imagens de Cristo, da Bem-aventurada Virgem e dos santos”. O mês de maio, mostra de maneira clara que tal exortação proposta pelo Vaticano II é colocada em prática, mas não só, tem crescido e amadurecido a partir dos ensinamentos da Igreja.

O Papa Paulo VI para enriquecer ainda mais as devoções para com a Virgem Maria publicou a Exortação Apostólica Marialis Cultus para a reta ordenação e desenvolvimento do culto à Bem-aventurada Virgem Maria. O documento realça e justifica as razões de devoção e amor à Mãe de Deus. Paulo VI, em sintonia com a Lumen Gentium, realça que o culto a Maria “tem como finalidade glorificar a Deus e levar os cristãos a aplicarem-se numa vida absolutamente conforme a sua vontade”, e dedica a segunda parte do documento a incentivar os fieis a praticarem as práticas de piedade popular como o “Angelus” e o terço.

Quem ama demonstra o seu amor. Os cristãos são chamados a demonstrar seu amor para com a Mãe do céu através das orações populares, recuperarem em sua vida, nas famílias a bonita prática de rezar o “Angelus” durante o dia, fazendo uma pausa nas atividades para orar. Rezar em família, em comunidade o terço louvando e agradecendo a Virgem Mãe as graças e benefícios é algo enriquecedor para a vida do cristão. Ao rezar o terço, diz Paulo VI, fazemos uma “prece cristológica”. Sim, através de Maria chegamos a Jesus. Nesse sentido diz Santo Agostinho: “Nós honramos Maria para louvar o Cristo”.

Durante o mês de maio os cristãos são convidados a renovar a sua consagração a Maria, se entregar a sua proteção e confiar a Ela o seu peregrinar por essa terra, como diz a canção “Vem, Maria, vem, vem nos ajudar neste caminhar tão difícil, rumo ao Pai”. Faz-se necessário seguir o exemplo da Virgem de Nazaré, pois é Ela que ensina a cada um dos seus filhos como responder sim ao chamado do Pai, mas não somente responder, mas como prosseguir nesse caminho. Que o mês de maio não seja apenas marcado pelas homenagens a Nossa Senhora, mas que através das piedades marianas o cristão seja capaz de ir além. Seguindo o exemplo da primeira Discípula todo cristão é chamado a ser verdadeiramente discípulo-missionário.

“Ó Maria, concebida sem pecado original, quero amar-vos toda a vida com ternura filial. Vosso olhar a nós volvei, vossos filhos protegei! Ó Maria, ó Maria, vossos filhos protegei!”


Seminarista Vinícius I. Campos

A água – símbolo da Páscoa



O período quaresmal é tido para nós como tempo de conversão, tempo de análise da nossa postura de vida diante da fé que recebemos. Desse modo é preciso analisar se a nossa conduta está ou não de acordo com os ensinamentos recebidos em nossa caminhada cristã. Por isso temos o tempo da quaresma para buscarmos o sacramento da confissão, a fim de morrermos para o pecado e buscarmos uma vida nova em Cristo.
Passado este tempo da quaresma entramos na grande festa da Páscoa do Senhor. Pela ressurreição de Cristo também nós podemos ter a certeza da vida nova que Ele nos quer dar.
Visto neste aspecto litúrgico, a quaresma e a páscoa estão como o batismo na vida do cristão. Ao nascer trazemos a marca do pecado original e precisamos do sacramento do batismo para renascer em Cristo. Durante a nossa caminhada, devido à nossa fragilidade, caímos no afastamento de Deus pelas atitudes que temos, que não são coerentes com a nossa fé. Assim temos o sacramento da confissão para limpar o nosso coração das atitudes de pecado.
A noite da vigília pascal é a noite batismal, por excelência, é o momento no qual o fiel vem incorporado à Páscoa de Cristo, que representa a passagem da morte para a vida. O elemento que nos ajuda neste momento é a água. A água é uma realidade que limpa, purifica. Na liturgia da vigília pascal, e também em outros ritos litúrgicos sacramentais, ela assume o sinal de Cristo, água viva que mata a sede.
Geralmente se celebra o batismo na noite santa da vigília, mas mesmo se não é celebrado, a comunidade cristã comemora o batismo através da renovação das promessas batismais e da aspersão com água benta, sacramento pelo qual somos incorporados à páscoa de Cristo. A água, para nós cristãos, é um símbolo do carinho de Deus que quer purificar-nos, apagar a nossa sede e fazer com que sejamos renascidos no mistério da páscoa de Cristo.
Essa recordação do nosso batismo está presente em vários momentos celebrativos: a aspersão ao início da Missa dominical (sobretudo nos cinquenta dias da páscoa); no gesto de fazer o sinal da cruz ao entrar na igreja, mergulhando o dedo na água benta; e também nas celebrações de exéquias.
A água abençoada na noite da vigília pascal nos dá a “juventude eterna” como canta, em forma poética, a liturgia: “tudo o que é velho, sujo, é lavado pela misericórdia de Deus que recria continuamente como homens novos”.